sábado, 7 de setembro de 2013

Ainda Bem que Existe o Alex!

Imagem extraída de http://www.facebook.com/coritibaoficial

Cada vez que o meia Alex Cabeção concede uma entrevista, eu paro o que estou fazendo e assisto (ou leio) atentamente ao que ele tem a dizer.

Eu já era seu fã pelo fato de Alex ser um grande meia. E agora o admiro ainda mais pelas suas palavras inteligentes e corajosas.

"Nossa escola sempre foi reconhecida por tratar bem a bola, mas hoje não mais. Perdemos um pouco disso. Eu acredito que o principal fator seja a questão da discussão da parte física e tática de forma precoce. Tem treinador discutindo tática com meninos de 12 anos. O que mais tem que ser tratado no futebol é o domínio, hoje o foco é o físico"- foi o que o meia declarou a respeito dos jovens atletas de nossa atualidade em entrevista ao canal ESPN.

Alex, novamente, não disse nenhuma inverdade em suas declarações. Apenas fez coro com o que Caju, Casagrande, Tostão e outros grandes craques do passado vêm escrevendo ou falando a respeito de nosso futebol, cada vez mais preocupado com os aspectos físicos e cada vez mais desleixado com a técnica e com o talento.

Onde estão os dribles, os passes, as finalizações bem feitas? Tudo está sendo deixado de lado em nome da força e da pressão por resultados. E os "professores", que não ensinam nada aos garotos senão marcar, correr e cobrar faltas? Pudera, a maioria deles sabe apenas que a bola é uma coisa para ser chutada. Não têm, portanto, nada de útil a ensinar às futuras gerações. Treinar fundamentos? Criar espírito coletivo entre os atletas? Ensinar os meninos a terem disciplina tática? Praticamente nenhum "professor" aqui no Brasil tem a menor competência ou capacidade de desempenhar tais funções, e os poucos que têm nunca recebem respaldo dos dirigentes para fazer seu trabalho.

Como se tudo isso não fosse o bastante, driblar e tocar a bola virou crime aqui no Brasil. É só ver a grande quantidade de zagueiros e/ou voltantes sem talento que tentam intimidar os craques na base da força. Os jogadores, se é que podemos considerar esses brucutus como atletas, que cometem esse tipo de atitude são uns covardes, incapazes e que assinam atestado de incompetência quando tentam agredir um colega de profissão quando tomam um drible.

Os "professores" e dirigentes também têm parcela de culpa na péssima qualidade de nosso futebol. Quando um atleta comete uma agressão em campo, o treinador precisa dar um castigo severo ao jogador, e não passar a mão na cabeça dele, dizendo que o adversário é abusado ou que a arbitragem é que foi injusta. Cada vez mais acredito que os cartolas e os treinadores só vão se conscientizar de que o nosso futebol está muito violento quando um jogador ficar com sequelas ou perder a vida após um lance mais duro.

A torcida também não ajuda quando coloca os "deuses da raça" em pedestais. Deveriam se chamar os "diabos da raça", isso sim, porque não se agride um colega de profissão, seja fisicamente, seja verbalmente. O pior é que as atitudes agressivas dos jogadores dentro de campo sempre influenciam os torcedores a cometerem atos violentos na rua. E o contrário também vale, com torcedores colocando pilha em seus atletas.

Eu estava quase perdendo as esperanças em relação ao nosso futebol , mas quando eu vejo um craque com a bola e também com as palavras como o Alex, eu percebo que ainda vale à pena, sim, acreditar que voltaremos a jogar aquele futebol bonito e ofensivo que nos consagrou no passado.

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