terça-feira, 24 de setembro de 2013

"Professores" que Não Deixaram Legado

Imagem extraída do Facebook oficial do Chelsea FC-
http://www.facebook.com/ChelseaFC

Vocês se lembram do treinador que levou o Chelsea à sua primeira conquista na Champions League? O nome dele é Roberto Di Matteo (foto). Assumiu a equipe em março de 2012 após a demissão de André Villas-Boas, adotou o estilo do "ônibus" (colocar duas linhas de quatro atletas à frente do gol) e realizou a proeza de eliminar o Barcelona e o Bayern München na Champions de 2011-12. Fracassou na temporada seguinte ao ser eliminado da competição européia ainda na fase de grupos e foi demitido em novembro de 2012. Não tenho notícias de seu paradeiro desde então.

Será que o torcedor do Inter se lembra dos treinadores que conquistaram as duas Copas Libertadores pelo Colorado? Eles foram Abel Braga em 2006 e Celso Roth em 2010. Abelão deixou o time gaúcho após o início de temporada ruim em 2007 e Celso foi demitido no final de 2010 após a derrota para o Mazembe durante o Mundial Interclubes daquele ano. Nenhum dos dois apostava em um estilo de futebol de encher os olhos ou em jogo coletivo, apoiando-se mais em marcação e em destaques individuais. O treinador gaúcho atualmente está sem clube -seu último trabalho foi no Cruzeiro durante o ano passado. O ex-zagueiro carioca foi um pouco melhor, conquistando o Campeonato Brasileiro em 2012 pelo Fluminense, mas foi muito contestado pela torcida após a eliminação para o Olimpia na Libertadores deste ano.

Os fatos aqui apresentados contradizem algumas crenças sobre o futebol brasileiro, mas que também acontecem na Europa. A maioria dos clubes sempre deseja os resultados (vitórias e títulos) acima de tudo, mesmo que isso signifique jogar de maneira recuada, fazendo cera e cometendo um monte de faltas. Os três "professores" aqui citados foram campeões continentais apostando no "futebol eficiente" e, mesmo assim, estão sem clube. Poucos treinadores retranqueiros, aliás, têm vida longa em seus respectivos clubes -acho que apenas Muricy Ramalho conseguiu tal proeza à frente do meu São Paulo, permanecendo no Tricolor entre janeiro de 2006 e maio de 2009.

O grande problema do "futebol eficiente" é obvio: o time encontra um gol na bola parada ou no contra-ataque e, após isso, fica segurando o resultado mantendo o time inteiro recuado. E quando o time precisa reagir e tomar a iniciativa, como fica? Na hora que a equipe fica atrás no placar quem vai colocar a bola sob o braço e indicar o caminho? Foi o que aconteceu com a Seleção Brasileira durante a Copa de 2010.

O "futebol eficiente" também necessita de atletas fisicamente impecáveis. Raramente atletas baixinhos e magros contribuem para uma defesa ou marcação eficiente. Um Xavi, um Messi ou um Iniesta provavelmente seriam recusados pelos "professores" retranqueiros. Ainda assim são comuns os desfalques nos times que adotam tal forma de jogar, seja pelas lesões, seja pelo excesso de cartões.

Vale ainda lembrar que Roberto Di Matteo herdou um time montado por André Villas-Boas. Quando precisou começar do zero (perdeu Didier Drogba e recebeu Oscar e Eden Hazard) não soube utilizar os craques que tinha à disposição e viu o Chelsea ser eliminado da Champions 2012-13 ainda na fase de grupos a despeito dos Blues terem caído em uma chave relativamente tranquila, com a Juventus, o Shaktar Donetsk e o Nordsjælland, fazendo do time azul a grande decepção da temporada.

Di Matteo pode ter dado ao Chelsea sua primeira e única Champions League. Seu legado deixado para o esporte, no entanto, foi do mesmo tamanho que o futebol jogado pelo time londrino naquela temporada.

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