segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Elitizar É a Solução?

Imagem extraída do Facebook oficial do Liverpool FC-
http://www.facebook.com/BrasilLFC

Passei o final de semana no interior de São Paulo. Revi alguns amigos e parentes que há não encontrava há meses. No caminho, chamou-me a atenção um dos legados deixados pelo governo Mário Covas: a privatização das rodovias estaduais.

A terceirização das rodovias gerou um grande aumento no valor dos pedágios e também da quantidade das praças. Durante a minha infância, há uns vinte anos atrás, o preço do pedágio oscilava entre R$ 2,00 e R$ 4,00. Após a concessão à iniciativa privada, é raro encontrar algum pedágio que cobre um valor inferior a R$ 7,00.

Tal feito gerou uma elitização das rodovias: nos dias de hoje, observo pouquíssimos caminhões ou carros populares circulando pelas estradas paulistas. Acho que cabe aqui mencionar que as concessionárias deveriam melhorar as condições de asfalto, sinalização (na Castello Branco havia trechos sem refletores e as placas ofereciam informações confusas) e segurança.

Levanto o questionamento da elitização utilizando as rodovias estaduais como modelo para comparar as ações de alguns clubes com relação aos ingressos do Campeonato Brasileiro. Não me lembro se foi o grande Tostão ou algum jornalista do diário Lance quem levantou a questão, mas mencionou-se que a Premier League na Inglaterra teria adotado medidas para "elitizar" a torcida e, com isso, diminuir a violência nas arquibancadas.

O preço dos ingressos para os jogos do Campeonato Brasileiro aumentou, desencadeando protestos por parte de torcedores. Não houve nenhuma justificativa por parte das entidades para tal inflação. Não obstante, alguns clubes aceitaram mandar suas partidas no Estádio Mané Garrincha, em Brasília (que o grande Tostão descreveu como "Elefantão"). Na prática, também ocorre uma "elitização" dos estádios brasileiros, afastando o torcedor menos abastado de seus times de coração.

Não acho válido pagar um preço acima de R$ 40 para assistir um jogo do Campeonato Brasileiro. Assim como as rodovias estaduais, a maioria dos estádios não tem infra-estrutura adequada, como alguns periódicos informaram durante a Copa das Confederações. Não obstante, os jogos estão horríveis, com baixa qualidade técnica, arbitragem confusa e treinadores retranqueiros.

Tanto as rodovias paulistas quanto os jogos do Brasileirão são a síntese de uma triste realidade no Brasil: paga-se impostos de primeiro mundo para receber,em troca, serviços dignos de um terceiro mundo, isso porque não existe quarto mundo.

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