segunda-feira, 14 de julho de 2014

O Desempenho das 32 Seleções na Copa 2014 -Parte 1

Imagem extraída do Facebook oficial do Bayern München- https://www.facebook.com/FCBayern/


Que me perdoe o grande jornalista Leonardo Bertozzi, mas gostei tanto da maneira como ele avaliou as seleções na Euro 2012 que decidi fazer um texto nos mesmos moldes.

A "Copa das Copas" deixa boas lembranças e será difícil esquecer todos estes 32 maravilhosos dias que passamos junto a estas grandes equipes.

E como foram as 32 seleções no mundial? Vamos às notas dos times, destaques, decepções e perspectivas para o futuro.

Como este post é muito grande, resolvi dividi-lo em duas partes. A segunda parte será publicada amanhã.


ALEMANHA- nota 10,0: um time completamente impecável, com bons jogadores em todas as posições e podendo atuar de várias maneiras diferentes, variando desde o pragmatismo defensivo, passando pelo toque de bola catalão e chegando até o jogo vertical que a caracterizou. Tudo isto complementado com um futebol bonito, coletivo e envolvente. A Mannschaft, sem dúvidas, causará grandes transformações no futebol em todos os sentidos após esta grande demonstração de organização, planejamento e execução.

Destaque- Thomas Müller: de revelação em 2010 a realidade em 2014. Joga com muita categoria, habilidade e faz muitos gols. Merecia ter sido eleito craque da competição.

Ficou Devendo- Mesut Özil: meia que foi deslocado para a ala esquerda e se mostrou pouco à vontade na posição.

Perspectivas para 2018: a geração de Lahm, Podolski, Mertesacker, Schweisteiger e Klose despede-se das copas com chave de ouro. Mesmo com suas prováveis aposentadorias da Mannschaft, há muitos garotos bons o bastante para compensar as perdas. A única dificuldade para o próximo ciclo será aprender a jogar sem a liderança da dupla Lahm e Schweinsteiger.



ARGENTINA- 8,5: jogou um futebol bonito e com muito toque de bola, mas apresentou inconsistência defensiva inicial, algo que foi corrigido adotando-se as duas linhas de quatro e marcando-se como o Chile de Sampaoli. Isto, contudo, diminuiu a criatividade do meio-de-campo argentino e os atacantes tiveram de buscar a bola lá atrás. Estes fatores pesaram muito nas decisões contra Holanda e, principalmente, contra a Alemanha.

Destaque- Lionel Messi: jogou fora de sua posição favorita e não contou com um bom meio-de-campo, o que fez com que seu desempenho fosse abaixo do apresentado no Barcelona. Compensou com lindas jogadas individuais, dribles, visão de jogo e quatro gols.

Ficou Devendo- Gonzalo Higuaín: é o mesmo goleador de 2010? Teve atuação apagada na maioria dos jogos e ainda perdeu gols feitos na final.

Perspectivas para 2018: esta geração terá média de 30 anos daqui a quatro anos. Ainda há lenha para queimar, mas sua principais peças -Di María, Agüero e Messi- sofreram com lesões na temporada. O treinador Alejandro Sabella deixará o cargo.



HOLANDA- 8,0: compensou a fragilidade defensiva com muita ousadia, pressão ofensiva, futebol bonito e movimentação. Infelizmente, a Oranje respeitou em demasia a Argentina na semifinal e acabou ficando fora das finais em decorrência disto.

Destaque- Arjen Robben: livrou-se do rótulo de "amarelão" com grandes exibições. Foi eficiente na defesa, no ataque, participou de quase todas as jogadas de gol e presenteou o espectador com lindos dribles em velocidade.

Ficou Devendo- Dirk Kuyt: passou a ser titular no mata-mata e abusou do direito de errar passes. Muitas chances de gol foram perdidas com suas trapalhadas.

Perspectivas para 2018: a equipe é jovem e terá muitos serviços a prestar. As prováveis saídas dos trintões Robben, Van Persie e Snejder, e também do treinador Louis Van Gaal (esta já confirmada), contudo, podem ser um problema.



BRASIL- 6,0: ganha pontos pelo bom desempenho no mundial. O time, no entanto, apresentou pouca coletividade e criatividade, sendo totalmente dependente dos lampejos de seus poucos craques. O psicológico também pesou em campo e a equipe se salvou muito na base da sorte ou da raça. O quarto lugar pode até ser considerado "lucro" diante dos problemas apresentados.

Destaque- David Luiz: foi um dos poucos que se salvou na equipe. Cometeu poucas faltas, foi esforçado e teve a humildade de pedir desculpas ao torcedor.

Ficou Devendo- Fred: sofreu um pênalti duvidoso contra a Croácia e fez um gol de barriga na já eliminada Seleção Camaronesa. E só.

Perspectivas para 2018: pouco restará da equipe atual, que já tem muitos trintões no elenco e após o desempenho abaixo da expectativa. O treinador também será outro com a saída de Felipão. Será necessário formar uma nova base e, até a equipe dar liga novamente, deve jogar aos trancos e barrancos.



COLÔMBIA- 6,5: jogou um lindo futebol que combina eficiência com talento individual. Mas cometeu um pecado mortal ao ter respeitado demais o Brasil e acabou pagando o preço.

Destaque- James Rodríguez: craque, veloz, com visão de jogo e artilheiro da copa com seis gols.

Ficou Devendo- Fredy Guarín: nas poucas oportunidades que recebeu, praticamente não foi notado. Não fez jus à fama criada no Porto e Internazionale.

Perspectivas para 2018: o time é predominantemente jovem e há uma excelente base para o próximo ciclo. A manutenção do técnico José Pékerman seria muito interessante, além de amistosos contra seleções de peso para dar mais confiança e quilometragem à equipe.



BÉLGICA- 5,5: honestamente, esta seleção me desapontou muito. A equipe começava devagar, demorava a entrar no jogo e apenas na segunda metade do segundo tempo apareciam alguns lampejos de bom futebol. Isto, aliás, foi a causa da eliminação para a Argentina. Foi uma equipe boa em talentos individuais mas fraca no aspecto coletivo.

Destaque- Thibault Courtois: fez grandes defesas e não teve culpa nos gols sofridos. Está em excelente fase e deixará saudades no Atlético de Madrid, uma vez que o Chelsea pediu o seu retorno.

Ficou Devendo- Marouane Fellaini: após ter feito um gol na estréia, foi mais lembrado pelas faltas cometidas do que pelas jogadas bonitas.

Perspectivas para 2018: a equipe é jovem e deve amadurecer para o próximo ciclo. Seria interessante, contudo, a contratação de outro treinador capaz de fazer a equipe atuar de forma mais coletiva.



FRANÇA- 6,0: apagou o vexame de 2010 ao jogar mais ofensivamente. O treinador Didier Deschamps soube compensar com inteligência a ausência de bons meias e os Bleus só não passaram pela Alemanha por causa de Neuer e Hummels, que estavam em um dia inspirado.

Destaque- Mathieu Valbuena: o baixinho mostrou muita velocidade e habilidade com a bola pela direita. Foi um dos desafogos do time e também uma das soluções criativas da equipe.

Ficou Devendo- Antoine Griezmann: irregular. Alternou bons e maus momentos em campo.

Perspectivas para 2018: a maioria dos atuais titulares terá 32 anos ou mais daqui a quatro anos, incluindo Benzema, Cabaye, Valbuena e Ribéry. Eles até podem jogar, mas será necessário preparar os "sucessores".



COTA RICA- 7,0: sim, você não leu errado esta nota. A grande surpresa de 2014, comparável ao Senegal em 2002, teve peito e ousadia para encarar gigantes como Itália e Uruguai de igual para igual. E ainda jogou um futebol agradável. Só pecou ao recuar demais a equipe no mata-mata.

Destaque- Keylor Navas: goleirão que mostrou porque foi eleito melhor da Espanha em 2013-14.

Ficou Devendo- Óscar Duarte: foi expulso de maneira infantil e quase causou a eliminação de sua equipe diante da Grécia.

Perspectivas para 2018: o time é jovem e a base deve ser mantida para o próximo ciclo. O mais importante, contudo, será manter a cabeça dos garotos no lugar e evitar que eles se percam no oba-oba pela boa campanha de 2014.



CHILE- 6,5: não foi por falta de ousadia ou de futebol que a Roja foi eliminada. O Chile compensou sua fragilidade defensiva com marcação dupla, velocidade e muito toque de bola. Poderia até ter eliminado o Brasil se a bola de Pinilla não carimbasse a trave do vendido Júlio César. E eles não tiveram medo de nenhum adversário, seja quem ele fosse.

Destaque- Charles Aránguiz: fez gol, marcou e deu assistência. Ofuscou até mesmo o badalado Vidal.

Ficou Devendo- Gonzalo Jara: não gosto de responsabilizar um único jogador por um fracasso, mas Jara anotou um gol contra e mandou sua cobrança no poste contra o Brasil. Mundial para esquecer.

Perspectivas para 2018: a maioria dos jogadores estará por volta dos 30 anos para o próximo mundial e, provavelmente, terá condições de jogar mais uma copa. A permanência do treinador Jorge Sampaoli também seria muito interessante.



MÉXICO- 5,0: decepciona, não por jogar mal, mas pelo treinador não ter aproveitado todo o potencial da equipe. Trata-se de um time leve, que sabe jogar coletivamente e com bons jogadores do meio-de-campo para a frente. Mas o técnico só quis jogar com o regulamento sob o braço e levou um castigo da Holanda.

Destaque- Andrés Guardado: foi o cérebro do time ao organizar as jogada e dar qualidade ao meio-de-campo mexicano.

Ficou Devendo- Oribe Peralta: tinha a missão de substituir Chicharito, mas não se mostrou à altura do titular mesmo estando em má fase.

Perspectivas para 2018: como a base é predominantemente jovem e sabe jogar bola, o time não deve sofrer alterações radicais. Mas o treinador precisa ter mais ousadia para aproveitar melhor o potencial da garotada.



SUÍÇA- 5,5: jogou bem melhor do que nos últimos mundiais, mas ainda respeita em demasia as grandes equipes. Dava pena em ver Shaqiri solitário tentando resolver a situação enquanto todo o resto do time ficava recuado...

Destaque- Xherdan Shaqiri: foi um dos poucos que jogou bola no time. E fez três golzinhos.

Ficou Devendo- Granit Xhaka: deveria ser o cérebro do time e servir os atacantes, mas marcou muito e criou pouco.

Perspectivas para 2018: ainda bem que os volantes e zagueiros já estão na casa dos 30, afinal a Suíça precisa de mudanças no setor. O ataque deve ser mantido por ser jovem, mas Shaqiri, Drmić e Seferović precisam de mais meias criativos para ajudar na frente.



URUGUAI- 5,0: nem de longe foi uma equipe brilhante, mas se garantiu graças aos seus destaques individuais e à determinação de seus atletas. Mas apenas raça não é suficiente para levar uma equipe ao título. A Celeste ainda deu azar de perder Luis Suárez no derradeiro confronto contra a Colômbia.

Destaque- Diego Godín: a zaga uruguaia já não depende apenas de raça. Godín fez boas exibições, sendo seguro nos desarmes, cometer poucas faltas e fazer o gol da classificação contra a Itália.

Ficou Devendo- Diego Lugano: mal contra a Costa Rica, perdeu a vaga para Giménez, a faixa de capitão para Godín e sua ausência não foi sentida.

Perspectivas para 2018: a maioria dos titulares já está na casa dos 30 anos, mas a dupla Cavani-Suárez estará com 31 anos em 2018 e ainda pode contribuir até lá. Além de renovar a equipe, é necessário mudar a mentalidade de jogo uruguaio.



GRÉCIA- 5,0: merecia uma nota menor pelo futebol jogado, afinal classificou-se para as oitavas muito mais por sorte do que por méritos próprios. Sem jogar um futebol brilhante, dependeu do brio de seus atletas para alcançar seus objetivos e ganhou sobrevida contra a Costa Rica com a expulsão de Duarte. Ganhou pontos por ser a seleção mais fraca de seu grupo e, mesmo assim, ter chegado ao mata-mata.

Destaque- Sokratis Papastathopoulos: um gol, poucas faltas e segurança em seu setor.

Ficou Devendo- Kostas Mitroglou: deveria ser o novo homem-gol da Grécia, mas deixou a competição em branco.

Perspectivas para 2018: poucos atletas jovens no elenco. A renovação será iminente. Espero que o estilo de jogo também seja atingido pela mudança.



ARGÉLIA- 6,0: deveria perder alguns pontos pelas exibições fracas contra Rússia e Bélgica, mas as atuações brilhantes contra Coréia do Sul e Alemanha me fizeram esquecer esses "detalhes". Time bastante organizado, com bons meias e que sabe ser defensivo sem ser pragmático. Era tido como o time mais fraco de sua chave e merecia ter ido mais longe, mas deu azar de encontrar a campeã Alemanha nas oitavas.

Destaque- Sofiane Feghouli: foi o motor do time ao articular as principais jogadas de ataque. Agora entendi porque ele estava tão badalado no Valencia.

Ficou Devendo- Mehdi Mostefa: as jogadas que levaram à virada belga nasceram com Hazard pelo seu setor. Depois disso, perdeu a vaga para Mandi e só foi lembrado no jogo contra a Alemanha.

Perspectivas para 2018: como há muitos atletas jovens, a base deve ser mantida, mas a saída do treinador Vahid Halilhodžić pode comprometer o desempenho da equipe.



ESTADOS UNIDOS- 6,0: time organizado que apresentou jogo coletivo e organização, mas ainda carece de poder de decisão, principalmente contra equipes de peso. Também era cotado para cair na fase de grupos, mas o time surpreendeu e chegou às oitavas.

Destaque- Tim Howard: grandes defesas. Virou até herói nacional após suas grandes exibições na copa.

Ficou Devendo- Kyle Beckerman: cometeu algumas trapalhadas em campo e chegou a bater cabeça (literalmente) com um companheiro.

Perspectivas para 2018: a manutenção do treinador Jürgen Klinsmann já foi um passo acertado da federação do país. A base, contudo, está envelhecida e necessita de renovação.



NIGÉRIA- 5,0: muita força mas pouca técnica. Protagonizou a pior partida da copa (contra o Irã) e ainda precisou de sorte para chegar às oitavas. Chegou a assustar a França, mas acabou eliminada na bola parada.

Destaque- Ahmed Musa: artilheiro do time com dois gols e criador dos lances mais perigosos da Nigéria.

Ficou Devendo- Joseph Yobo: que despedida para o capitão... Não foi bem na defesa e ainda fez um gol contra pela França.

Perspectivas para 2018: a maioria dos jogadores deve permanecer por ser jovem, mas o time precisa melhorar nos fundamentos para não depender tanto da raça. E também precisa cometer menos faltas. Sua participação nos próximos torneios está em risco após a FIFA ter constatado que houve intervenção do governo na federação de futebol do país.


Amanhã, nós avaliaremos os times restantes.

Um abraço e até lá!

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