sexta-feira, 11 de julho de 2014

Justificar o Injustificável

Imagem extraída de https://www.facebook.com/CBF/


Evitei ao máximo fazer críticas à Seleção Brasileira após a vexatória derrota por 7x1 pela Alemanha. Primeiro porque reconheço que a equipe era limitada, mas tinha vontade de vencer e, a meu ver, não faltou comprometimento por parte dos atletas, pelo menos da maioria deles. Segundo porque é muito fácil pisar nas pessoas quando elas erram e chega a ser oportunismo jogar toda a culpa por um fracasso em algumas poucas pessoas e ignorar o sucesso que elas tiveram no passado.

A comissão técnica e os dirigentes, contudo, tiveram a maior parte da culpa pela derrota. O treinador e seus auxiliares porque convocaram muitos jogadores que não deveriam estar na Seleção e deixaram a desejar na organização do time -não havia padrão de jogo, coletividade, criatividade e improviso. E os cartolas, por sua vez, decidiram dar um passo atrás ao "ressuscitarem" Felipão e Parreira em um ato de puro desespero após os fracassos de Mano Menezes ao invés de prosseguirem com a renovação da equipe. A ideia deu certo a curto prazo com a conquista da Copa das Confederações em 2013, mas mostrou-se pouco efetiva para o mundial.

A entrevista coletiva que a dupla concedeu na quarta-feira nada mais foi do que tentar justificar o injustificável. Felipão ateve-se a dados estatísticos para explicar suas escolhas e Parreira leu uma carta assinada por uma torcedora identificada como Dona Lúcia. Alguns veículos da imprensa criticaram pesadamente a atitude da dupla (com razão) e alguns até viram "arrogância" por parte dos dois treinadores.

Vejo, por outro lado, que não é fácil lidar com alguns repórteres que adoram criar polêmica com o treinador apenas para vender jornal, com a imensa responsabilidade de fazer o time render para não passar vergonha diante de sua própria torcida (algo que, infelizmente, acabou acontecendo) e também com a imensa expectativa criada de que o hexacampeonato já estava assegurado. Ainda assim, não tiro a razão dos críticos e acho que a dupla de treinadores realmente devia explicações sobre o fracasso. Ser eliminado é normal e poderia acontecer, mas ter levado 7x1 em casa significa que realmente havia algo errado. Muito errado.

Há quem diga que Felipão e Parreira têm chances de permanecer, mas duvido muito. É verdade que eles conquistaram títulos mundiais no passado, mas o melhor mesmo é eles saírem após o jogo de sábado, nem que seja apenas por alguns anos até a poeira baixar.

Tite foi citado por muitos jornais para assumir o cargo, mas acho que ele, Muricy, Abel ou outros do gênero não são o que a Seleção precisa no momento. Eu faço coro com os resultados das enquetes e gostaria de ver Josep Guardiola (Bayern), Jürgen Klopp (Borussia Dortmuns) ou Arsène Wenger (Arsenal) no cargo. Todos eles têm boas ideias, fazem o time jogar coletivamente e aproveitam muito bem os talentos dos jogadores. Se a opção for mesmo por um técnico brasileiro, o meu favorito é Marcelo Oliveira do Cruzeiro, um dos poucos treinadores daqui que adotam o toque de bola e a ofensividade.

De qualquer forma, concordo com o que comentaristas escreveram a respeito da eliminação do Brasil: o fracasso é a melhor maneira de se dar início a uma renovação. Se tivéssemos vencido a Copa, dirigentes e treinadores sentariam em cima do hexa e diriam que o futebol brasileiro está às mil maravilhas e as falhas de nosso esporte permaneceriam encobertas pela euforia do título. Como o objetivo (que era encarado como "obrigação") não foi atingido, ao menos o nosso futebol passará por algumas mudanças, ainda que sutis.

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