terça-feira, 15 de julho de 2014

O Desempenho das 32 Seleções na Copa 2014 -Parte 2

Imagem extraída de https://www.facebook.com/SeFutbol/


A segunda parte da avaliação das 32 seleções abrange os times que ficaram pela fase de grupos.

Muitos grandes times como Espanha e Itália ficaram por aqui, seja pela dificuldade dos grupos, seja pelo fator surpresa oferecido pelos rivais.

Escrevendo novamente a avaliação nos moldes do jornalista Leonardo Bertozzi, discutiremos o desempenho das 16 equipes restantes, as perspectivas para o futuro, os destaques e as decepções dos times.


EQUADOR- nota 5,0: não apresentou um futebol brilhante, mas não faltou esforço dos atletas. O grande problema, contudo, é que a Tricolor corria como se estivesse na altitude e esquecia-se de que os rivais ainda tinham fôlego ao fim do jogo. Chegou a arrancar um empate heroico contra a França com um jogador a menos, mas isto não foi suficiente para classificar os equatorianos às oitavas.

Destaque- Enner Valencia: artilheiro da equipe com três gols. Seu desempenho chamou a atenção do West Ham United.

Ficou Devendo- Antonio Valencia: foi expulso em jogo decisivo e comprometeu a classificação da equipe. Atitude indigna de um líder e principal jogador da equipe.

Perspectivas para 2018: os principais jogadores da equipe já terão mais de 30 anos. Será necessário iniciar um novo ciclo. Isto pode até mesmo dificultar uma nova classificação para a próxima copa.



PORTUGAL- 4,5: a equipe das Quinas caiu em um grupo que tinha apenas a Alemanha como rival de peso. Contudo, alguns de seus principais jogadores -Ronaldo, Pepe e Coentrão- pagaram o preço pela temporada espetacular em 2013-14 e não renderam o esperado em campo. Levou uma sacolada da Mannschaft, tropeçou nos Estados Unidos e ainda teve dificuldades para superar Gana.

Destaque- Nani: questionado no Manchester United, mostrou que ainda tem bola para jogar, com um gol e boa movimentação pela direita.

Ficou Devendo- Pepe: a goleada sofrida diante da Alemanha não foi culpa dele, mas o zagueiro deu um mau exemplo ao desferir uma cabeçada em Müller e ser expulso. Não fez jus à grande temporada feita em 2013-14.

Perspectivas para 2018: a maioria dos titulares, incluindo Ronaldo, terão mais de 32 anos em 2018. Alguns como Pepe, Coentrão e Postiga dificilmente continuam pela idade. A Seleção Portuguesa passará por um período de transição.



CROÁCIA- 5,5: seleção que injustamente não se classificou, afinal apresentou um bom futebol e não faltou ousadia ao treinador Niko Kovač, que armou equipes ofensivas. A defesa fraca, os erros de arbitragem no jogo contra o Brasil e a retranca mexicana, contudo, tiraram a vaga da Hrvatska. Uma pena mesmo.

Destaque- Ivan Perišić: demonstrou leveza, versatilidade (jogou centralizado e aberto nas duas pontas), qualidade no passe e fez dois gols. Se as lesões não o atrapalharem novamente, pode ir muito longe.

Ficou Devendo- Stipe Pletikosa: poderia ter mais sorte nos gols sofridos.

Perspectivas para 2018: a geração de jogadores é boa e o primeiro desafio de Niko Kovač é não deixar a peteca cair novamente. Pletikosa, Pranjić, Olić, Modrić e o capitão Srna não devem ficar até 2018 pela idade. Mandžukić e Rakitić, contudo, ainda deverão ter lenha para queimar até lá.



BÓSNIA-HERZEGOVINA- 4,5: se fui apenas elogios à Croácia, o mesmo não se aplica à vizinha Bósnia-Herzegovina. O treinador Safet Sušić errou ao tirar Ibišević do time visando tornar a equipe mais defensiva e deixou Džeko isolado na frente. Houve o erro do impedimento mal-marcado contra a Nigéria, é verdade, mas a Bósnia poderia ter ido longe se fosse mais ousada.

Destaque- Vedad Ibišević: deu dinamismo e ofensividade à equipe. Deveria ter sido titular desde o começo.

Ficou Devendo- Edin Džeko: com o time todo recuado, ficou isolado na frente e pouco tocou na bola.

Perspectivas para 2018: à exceção de Pjanić, os titulares terão mais de 30 anos em 2018. Uma nova base terá de ser formada e isto pode dificultar as pretensões dos Zmajevi para o próximo ciclo.



COSTA DO MARFIM- 4,0: a derrota diante da Colômbia era até esperada, mas tinha todas as chances do mundo para avançar às oitavas. Teve dificuldades para bater o assustado Japão e conseguiu perder para uma Grécia desfalcada. A equipe apresentou apenas lampejos de bom futebol e o treinador Sabri Lamouchi errou ao jogar sem meias e deixar Drogba no banco.

Destaque- Gervinho: um dos poucos no time que apresentou futebol bonito. Dribles, molejo e dois gols.

Ficou Devendo- Yaya Touré: volante improvisado na armação, não se deu bem na função.

Perspectivas para 2018: tristemente, a geração de Drogba, Zokora e dos irmãos Touré despede-se dos mundiais com mais uma campanha pífia. Apenas Gervinho e, talvez, Kalou permaneçam para o próximo ciclo.



ITÁLIA- 4,5: jogou um bom futebol baseado em toque de bola, mas o treinador Cesare Prandelli cometeu um erro fatal ao recuar todo o seu time no jogo decisivo contra o Uruguai faltando 45 minutos para o fim do jogo e levou um doloroso castigo. O time era bom, mas não conseguiu apagar o vexame de 2010. Uma pena.

Destaque- Andrea Pirlo: é verdade que ele está com 35 anos? Nem parece e continuou demonstrando a tradicional qualidade nos passes.

Ficou Devendo- Claudio Marchisio: acho que o juiz foi rigoroso em expulsá-lo contra o Uruguai, mas o meio-campista poderia ter sido mais prudente na dividida com Arévalo.

Perspectivas para 2018: a Itália mal renovou sua equipe para este ciclo e terá de fazê-lo novamente em virtude da idade de seus titulares. O próprio treinador Cesare Prandelli chegou a pontuar as dificuldades na formação de atletas pelos clubes do país. Será que a Azzurra vai seguir o modelo alemão de investimento no futebol?



ESPANHA- 4,0: até merecia uma nota maior, mas o fraco desempenho em campo e a eliminação precoce me obrigam a dar esta nota baixa. A Furia mudou pouco o seu time e seu estilo de jogo com relação a 2010. Como resultado, os rivais sabiam exatamente como anular a Espanha e, infelizmente, foi o que aconteceu. Para piorar, o treinador Vicente Del Bosque tinha excelentes opções no banco mas não lançou mão delas e o time apresentou pouca variedade de jogo.

Destaque- Juan Mata: quando Xavi e Iniesta se aposentarem, eis o sucessor. Deveria ter entrado antes.

Ficou Devendo- Iker Casillas: já havia falhado na final da Champions contra o Atlético. Seria um aviso de que o pior estava por vir?

Perspectivas para 2018: Iniesta, Xavi, Villa, Torres e Alonso devem dar adeus para o próximo ciclo. Contudo, há excelentes opções para o futuro, como Isco, Muniain, Illarramendi, Iñigo e Carvajal. Como disse Simeone, "a Espanha voltará a ser a de sempre".



RÚSSIA- 3,5 (10,0 para os uniformes): decepcionante. Depois do desempenho fantástico nas eliminatórias e daquela boa exibição no amistoso contra o Brasil em 2013, acreditei que a Rússia faria um bom mundial. Mas o futebol apresentado foi pesado e burocrático. Não foi por falta de jogadores que o time foi mal e, muito menos, pela dificuldade do grupo. A única coisa realmente boa que o time apresentou foram os uniformes lindíssimos para a competição.

Destaque- Aleksandr Kerzhakov: alguém pode me explicar por que ele ficou no banco e só entrou nos minutos finais dos dois primeiros jogos? Merecia mais chances.

Ficou Devendo- Igor Akinfeev: cometeu uma falha bizarra contra a Coréia do Sul.

Perspectivas para 2018: a equipe precisará de mudanças profundas para não fazer feio em casa daqui a quatro anos. Pelo menos no futebol jogado.



GANA- 5,0: não ficou com nota vermelha porque os Estrelas Negras tinham poucas chances de avançar pela dificuldade do grupo. Até conseguiu fazer frente aos rivais, mas não teve como segurar os resultados. Para completar, Boateng e Muntari se desentenderam com o estafe ganês e ficaram fora da decisão contra Portugal.

Destaque- Asamoah Gyan: três gols em três jogos. Nada mal. Nada mal, mesmo.

Ficou Devendo- Kevin-Prince Boateng: deveria ser um dos protagonistas do time, mas pouco apareceu em campo.

Perspectivas para 2018: a base da equipe é jovem e deve amadurecer bastante nos próximos quatro anos. Resta saber se o time vai assimilar bem as saídas de Muntari, Boateng, Essien e, talvez, Gyan.



INGLATERRA- 4,5: não me decepcionou por completo, afinal o time, apesar de não ter ido às oitavas, mostrou um futebol razoável e deu esperanças para o futuro ao apresentar um futebol mais leve, mais coletivo e menos brutal. Foi uma boa experiência para os garotos. Pena que Gerrard e Lampard não puderam ter uma despedida à altura de suas famas.

Destaque- Daniel Sturridge: repetiu o bom desempenho mostrado no Liverpool e deve melhorar o ataque inglês no próximo ciclo. Fez um gole deu uma assistência.

Ficou Devendo- Wayne Rooney: fez um gol, mas teve atuação apagada no restante do tempo.

Perspectivas para 2018: mesmo com a campanha fraca, vejo como positiva a experiência oferecida aos garotos neste mundial. Também foi importante para eles atuarem ao lado de Rooney, Gerrard e Lampard (que estão de saída) para que houvesse troca de experiências. Penso que este time vai brilhar no próximo ciclo assim que ganhar maturidade.



CORÉIA DO SUL- 5,0: não leva nota vermelha pelo fato da expectativa do time não ser das melhores e também pelo fato da equipe ainda ser muito jovem -foi adotada a seleção que faturou o bronze em Londres como base. Não faltou esforço nem futebol aos Tigres Asiáticos, mas faltou poder de decisão à equipe. A defesa também pouco pôde fazer.

Destaque- Koo Ja-Cheol: portou-se como um legítimo capitão e foi a alma do time.

Ficou devendo- Kim Young-Gwon: Vertonghen e Slimani fizeram a festa pelo seu setor.

Perspectivas para 2018: não podemos crucificar os garotos nem o treinador Hong Myung-Bo pela eliminação na fase de grupos. Uma copa do mundo é bem diferente de uma olimpíada, e este time ainda vai amadurecer muito.



IRÃ- 4,0: levaria 5,0 se fosse mais ousado, mas o time mais se preocupou em amarrar o jogo do que buscar um resultado. Pior: na última partida, dependia apenas de suas próprias forças para se classificar, uma vez que a Bósnia, sua adversária, já estava eliminada e a Nigéria dificilmente venceria a Argentina. Acabou perdendo o jogo e a vaga para as oitavas.

Destaque- Reza Ghoochannejhad: fez o único gol iraniano da copa.

Ficou Devendo- Jalal Hosseini: cometeu erros cruciais na partida contra a Bósnia nos dois primeiros gols.

Perspectivas para 2018: o Irã já deu um grande avanço ao se classificar para a copa em primeiro lugar em seu grupo nas eliminatórias. O próximo passo é fazer o time jogar mais no ataque.



JAPÃO- 3,5 (10,0 para o torcedor): tinha plenas condições de vencer a Costa do Marfim e a Grécia para se classificar. Infelizmente, a equipe foi muito burocrática em campo, não aproveitou todo o potencial de seus atletas e ainda quis segurar resultados com duas linhas de quatro. O torcedor japonês, no entanto, deu um exemplo de educação e cidadania com a atitude de limpar os estádios após as partidas.

Destaque- Keisuke Honda: cansou de criar chances de gol desperdiçadas pelos companheiros.

Ficou Devendo- Shinji Kagawa: mal no Manchester United, apagado na seleção de seu país. Deve ter esquecido seu futebol em Dortmund.

Perspectivas para 2018: o time não é ruim, mas precisa jogar de maneira apropriada com as características de seus atletas. Que tal seguir os modelos da Alemanha, Espanha ou Colômbia?



AUSTRÁLIA- 5,0: era a seleção mais fraca de seu grupo e dificilmente teria condições de superar Espanha, Holanda ou Chile. Até apresentou alguns lampejos em campo e deu um susto na Oranje, mas não conseguiu avançar às oitavas. Nada além do esperado.

Destaque- Tim Cahill: despede-se da seleção com dois gols na competição, incluindo uma pintura contra a Holanda.

Ficou Devendo- Mile Jedinak: como novo capitão da equipe, poderia ter sido mais participativo.

Perspectivas para 2018: com a aposentadoria de Tim Cahill, a garotada terá a missão de seguir em frente sem seu capitão de facto. Se a evolução da Liga Australiana, noticiada pela ESPN, se confirmar, talvez tenhamos alguma surpresa no próximo ciclo.



HONDURAS- 3,0: era disparado o time mais fraco da competição. Foi presa fácil dos rivais, mesmo estando em um grupo não muito forte, e ainda bateu muito nos jogadores adversários.

Destaque- Carlo Costly: anotou o único tento hondurenho na competição.

Ficou Devendo- Wilson Palacios: sua expulsão após entrada dura em Pogba afundou o time contra a França.

Perspectivas para 2018: deve se classificar novamente para a copa em 2018 e ser eliminado mais uma vez na primeira fase.



CAMARÕES- 4,0: problemas não faltaram ao Leões Indomáveis em 2014. Ameaças de greve, lesão de Eto'o, brigas no elenco, ... A expectativa para os africanos não era muito boa, mas eles tinham elenco para brigar pelo segundo posto. A sucessão de problemas, contudo, fez o time deixar a competição sem marcar um ponto sequer.

Destaque- Joël Matip: autor do único gol camaronês na competição.

Ficou Devendo- Alex Song: desferiu uma cotovelada em Mandžukić, foi expulso e prejudicou a classificação de seu time.

Perspectivas para 2018: o capitão Eto'o provavelmente não fica para o próximo ciclo. Gostei, contudo, do molejo dos atacantes Aboubakar, Choupo-Moting e Moukandjo. Quem sabe este jovem trio não recupere a alegria do futebol camaronês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário