terça-feira, 7 de outubro de 2014

"Supercampeões": Tão Amados e Tão Odiados ao Mesmo Tempo

Imagem extraída do Facebook oficial do Bayern München- https://www.facebook.com/FCBayern/



Lembro-me de quando o lendário Michael Schumacher imperava -"reinar" é muito pouco para um piloto que foi campeão sete vezes na Fórmula 1, sendo cinco consecutivas- no automobilismo. Brincava-se na época a respeito de quem seria o vice-campeão da temporada, afinal todos tinham certeza de que o alemão sagrar-se-ia campeão novamente ano após ano.

Schumacher ganhou muitos fãs e adeptos por méritos próprios, afinal o alemão era um exímio piloto capaz de guiar bem em traçados ovais ou mistos, em pista seca ou molhada, entre outras variações. Ao mesmo tempo, contudo, Schumacher acabou contribuindo de forma negativa com a Fórmula 1, afinal que graça tem uma competição em que o vencedor é sempre o mesmo? Isto diminui o interesse do espectador e de patrocinadores, afinal por que torcer ou investir dinheiro em outros pilotos se eles nunca vencerão o alemão?

Esse tipo de discussão também foi feita no futebol, em especial na Espanha -onde Real Madrid e Barcelona quase sempre polarizam a disputa- e na Alemanha -onde o Bayern (foto acima) reina absoluto. Vez ou outra aparece algum "intruso" para incomodar os "soberanos". Em tempo recentes, Valencia (2002 e 2004) e Atlético Madrid (2014) foram campeões espanhóis, enquanto Stuttgart (2007), Wolfsburg (2009) e Borussia Dortmund (2011 e 2012) faturaram a Salva de Prata na Bundesliga.

Os clubes considerados "coadjuvantes", no entanto, raramente conseguem se manter no topo por duas ou mais temporadas consecutivas, afinal quase sempre perdem seus principais jogadores e até mesmo os treinadores para os rivais de maior poder aquisitivo. Recentemente, o Borussia Dortmund perdeu Mario Götze e Lewandowski para o Bayern, enquanto o Atlético de Madrid perdeu Courtois, Diego Costa e Filipe Luís para o Chelsea. E a lista pode aumentar visto que Hummels, Reus, Miranda, Godín e Koke vêm sendo constantemente observados e assediados.

As finanças, aliás, são o principal problema dos clubes considerados "secundários", fator que foi agravado pela crise européia. Tal ocorrido aumentou o ainda mais abismo entre os clubes de maior poder aquisitivo e os considerados "coadjuvantes". Em 2011, os clubes espanhóis -às exceções de Barça e Real- interromperam o campeonato justamente pelo fato dos dois gigantes receberem mais espaço da mídia e, por consequência, mais verbas. Ao mesmo tempo, a grande maioria dos clubes "coadjuvantes" raramente conseguem manter seus patrocinadores por muito tempo, sendo obrigados a trocá-los a cada temporada ou mesmo jogar com a camisa em branco.

Os "supercampeões" fascinam pelo seu desempenho espetacular em campo e pela quantidade de títulos que conquistam, mas também mantêm suas hegemonias adquirindo jogadores dos rivais "emergentes". O Barcelona, por exemplo, já tirou Daniel Alves, Adriano Corrêa e agora Rakitić do Sevilla. E o Bayern tirou Neuer do Schalke 04, Götze e Lewandowski do Borussia Dormund e Dante do Borussia Mönchengladbach. Não é uma prática incorreta, mas contribui para manter a distância entre os "soberanos" e os "coadjuvantes", e também aumenta o ódio contra os "supercampeões". Os torcedores do Borussia Dortmund que o digam, após a polêmica transferência de Götze em 2013.

Não podemos, no entanto, deixar de afirmar que os "supercampeões" também se mantêm no topo por méritos próprios. Barça e Bayern investem forte em suas categorias de base e sempre valorizam seus ex-atletas para que a filosofia dos clubes seja mantida e cultivada pelos aspirantes. A administração também é sempre muito bem feita, embora tenham suas falhas -vide os casos Uli Hoeness e Sandro Rosell.

Cultivar e manter uma hegemonia é trabalhoso. Depende muito dos méritos próprios e também de um pouco de sorte, mas tal feito também depende de uma política agressiva contra eventuais concorrentes.

Isto faz os "supercampeões" serem tão amados e tão odiados ao mesmo tempo.

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