terça-feira, 5 de novembro de 2013

Nessa Bumba Eu Não Ando Mais!

Imagem extraída do Facebook oficial do Chelsea-http://www.facebook.com/ChelseaFC

É com muita tristeza que eu me lembro da temporada 2011-12, quando o Chelsea e o seu futebol estritamente defensivo levaram a melhor sobre o meu Barcelona e seu belíssimo Tiki-Taka. A equipe de azul ficou o tempo todo na defesa, os atletas fizeram cera e cometeram um monte de faltas. Vários jogadores desfalcaram a equipe londrina na final em decorrência disso, incluindo Meireles, Ramires, Ivanović e Terry.

O treinador interino Roberto Di Matteo (André Villas-Boas havia sido demitido dias antes) elaborou um esquema que "encaixou" o 4-3-3 do Barça, dificultando a troca de passes além de favorecer contra-ataques velozes, valendo-se da força física de seus atletas. O esquema consistia em armar duas linhas de quatro atletas próximo à área de Petr Čech para isolar os três atacantes catalães (Messi, Sánchez e o "falso nove" Fàbregas) dos meio-campistas, impedindo que Xavi e Iniesta conseguissem chegar à Pulga, "matando" o time azul-grená. O mesmo esquema conseguiu deter o Bayern München na final da Champions 2011-12, garantindo aos Blues seu primeiro título na competição.


As duas linhas de quatro elaboradas por Di Matteo isolaram
os atacantes dos meias dificultando a troca de passes
 além de permitirem contra-ataques velozes articulados
por Mata e Ramires acionando Drogba, que usava sua grande
força para superar os "baixinhos" do Barça (obtido por this11.com)

O "ônibus", como José Mourinho batizou o esquema, passou a ser adotado por outras equipes europeias afim de superar outras equipes espanholas que também atacam trocando passes. Foi o que o Paris-Saint Germain fez contra o Valencia neste ano em partida válida pelas oitavas-de-final da Champions 2012-13. O próprio Mourinho utilizou o esquema que ele mesmo criticou no passado para que o Real Madrid pudesse superar o arquirrival Barcelona na temporada passada. Muricy Ramalho também adotou a estratégia no Paulistão 2012 quando o Santos eliminou o São Paulo nas semifinais -na ocasião, o Tricolor do técnico Émerson Leão também estava jogando na base do toque de bola.

Ironicamente, o próprio Barcelona encontrou um meio de superar o esquema que fora seu algoz em 2012. E graças à perspicácia do treinador interino Jordi Roura, que estava substituindo o enfermo Tito Vilanova.


Em 2013, o Milan tentou frear o Barça repetindo a ideia de
Di Matteo. Deu certo no jogo de ida. Mas no jogo de volta,
realizado no Camp Nou, Roura adiantou Mascherano, Daniel Alves
e Alba, sobrecarregando o esquema tático e fazendo o "ônibus"
milanês capotar: 4x0 para os catalães (obtido via this11.com)

Como defensor do futebol-arte, eu, obviamente, não compactuo da ideia retranqueira de Roberto Di Matteo, mas o "ônibus" do time azul ensinou uma valiosa lição no esporte: faz parte da modalidade se reciclar, renovar e reinventar de tempos em tempos. Qualquer estratégia se for utilizada repetidamente e sem inovação torna-se previsível. Não existe esquema tático insuperável. Toda estratégia tem um ponto fraco e faz parte do desafio descobrir essas fraquezas e explorá-las. Foi o que o Chelsea fez contra o Barcelona em 2012 quando encontrou um ponto fraco no Tiki-Taka. Em 2013, foi o Barça quem encontrou o ponto fraco do "ônibus" ao surrar o Milan por 4x0 no Camp Nou.

Di Matteo descobriu uma maneira de vencer o Tiki-Taka, mas o futebol-arte deu o troco no esquema ultra-defensivo do italiano no ano seguinte executando o que faz de melhor: atacar, atacar e atacar!

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