sábado, 2 de novembro de 2013

O Reizinho e seus Súditos Ingratos

Imagem extraída de http://www.facebook.com/juninho.official

Não me esqueço quando o meu São Paulo estava em crise durante este ano. Na ocasião, muitos culparam o capitão Rogério Ceni pela fase ruim, inclusive torcedores do Tricolor. Diziam que o goleiro mandava e desmandava no time, o que estaria prejudicando o trabalho de treinadores e jogadores. Passado o período de turbulência, Rogério voltou a ser idolatrado e chamado novamente de "Mito" até mesmo por torcedores rivais.

Passado algum tempo, quem ocupou o espaço deixado pelo meu Tricolor foi o Vasco da Gama. O Cruz-Maltino, que estava brigando por títulos nos dois últimos anos, passou a fazer uma campanha horrível neste semestre e aparenta estar com saudades da Segunda Divisão -o Gigante da Colina já caiu em 2008.

Vi no Vasco um caso muito parecido com o de Rogério Ceni. Um atleta veterano, profundamente identificado com o clube passou a ser contestado pelos próprios torcedores que um dia o reverenciaram.

Juninho Pernambucano está com 38 anos. Em seu currículo constam passagens vitoriosas pelo Lyon na década de 2000 e pelo próprio Vasco nos anos 90. A idade e os problemas físicos têm sido um entrave no desempenho do Reizinho, é verdade, mas ele nunca deixa de se empenhar em campo. Ouso dizer que ele é o único atleta que sabe jogar bola no elenco.

A gota d'água com o meio-campista foi aquele suposto gesto obsceno durante o clássico contra o Flamengo. Uma câmera teria flagrado Juninho erguendo o dedo do meio a uma torcida organizada. Eu assisti ao vídeo e não vi nada demais. Não acredito que o Reizinho tenha agido de má-fé.

A suspensão foi o gatilho para que o atleta fosse afastado do time e passasse a frequentar o banco de reservas. A medida não surtiu efeito, o Vasco continuou frequentando o Z-4 e a diretoria cruz-maltina trocou o treinador Dorival Júnior por Adílson Batista.


Imagem extraída de http://www.facebook.com/juninho.official

Ninguém é santo, todos nós cometemos erros em maior ou menor nível. Mas por que sempre procura-se atribuir a culpa por uma fase ruim a uma única pessoa? Por que a culpa foi dirigida a um atleta que poderia continuar ganhando milhões nos Estados Unidos ou no Oriente Médio mas que optou por deixar os lucros de lado para ajudar seu time de coração? Por que ninguém faz uma análise racional ara detectar erros que vão desde a escolha de um atleta inadequado até falhas na administração? Os fatos falam por si próprios e o afastamento de Juninho do elenco em nada melhorou a situação do time na tabela.

Juninho tem quase dez anos de história no Vasco. É um atleta com profunda identificação com o clube, seja pelos seus títulos, pelo seu bom futebol, pelas suas atitudes. Ninguém tem o direito de apagar sua longa e magnífica história no Cruz-Maltino por causa de um instante de turbulência.

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