quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Onde Está a Alegria Africana?

Imagem extraída do Facebook oficial de Samuel Eto'o-
http://www.facebook.com/setoo99

Estão definidas as cinco seleções africanas que virão ao Brasil em 2014: Camarões, Gana, Costa do Marfim, Nigéria e Argélia.

Das seleções que se classificaram, só lamentei a ausência do Senegal, seleção que eu simpatizo desde 2002, quando fizeram uma campanha brilhante e trucidaram a França logo na estréia, lembrando que o Senegal foi colônia francesa durante a era do imperialismo. Os senegaleses deram azar de encontrar a Costa do Marfim nos playoffs e acabaram eliminados.

É uma pena, no entanto, que a maioria das seleções africanas esteja sendo comandada por treinadores europeus de pouca expressão, como bem observou o grande Paulo César Caju. Como resultado, os africanos estão perdendo o molejo e a leveza, passando a jogar um futebol pesado, com muita força física e até violência. Triste ver um continente que já revelou muitos craques perder sua alegria em detrimento à força e à raça.

A Seleção da Costa do Marfim é um bom exemplo. Quem não se lembra da Copa de 2010 quando os marfinenses abusaram das faltas e da catimba contra o Brasil? Respeito e admiro muito os atletas de lá, como Gervinho, os irmãos Touré (Kolo e Yaya) e, principalmente, Drogba -que financiou a construção de um hospital em sua cidade natal, Abidjan. Mas os Elefantes precisam de mais molejo e menos truculência.

A Nigéria sofre do mesmo problema: muita força e pouca técnica. Assisti à Copa das Confederações neste ano e fiquei desapontado com o futebol pesado das Águias. Espero que o treinador Stephen Keshi dê um jeito de tornar a Seleção Nigeriana um time mais alegre: ele é um dos poucos treinadores africanos que terá o privilégio de disputar uma copa do mundo.

Dos camaroneses, eu gosto do veterano Samuel Eto'o. Faz quase cinco anos que ele ganhou a Champions League pelo meu Barcelona, mas continua jogando muita bola, com lances bonitos e muita malandragem em campo. O atacante chegou a ter alguns desentendimentos com a federação de futebol de seu país, mas voltou a vestir a camisa de sua seleção e, espero, estará no Brasil em 2014. Além dele, gosto do volante Alex Song, com boa passagem pelo Arsenal e que sabe jogar com a bola no chão. Espero que a dupla influencie o resto do elenco e também o treinador Volke Finke (alemão) a jogarem da mesma forma.

A Argélia será a única seleção do Norte da África -habitada por povos árabes- a representar a região na Copa de 2014. Honestamente, conheço muito pouco a respeito do time. Muitos jogadores nascidos na região e seus descendentes defendem outros países -principalmente a França.

Ao menos, a seleção africana que eu mais gosto virá ao Brasil. Os ganeses fizeram bonito na última Copa do Mundo, quando chegaram às quartas-de-final e deram azar contra o Uruguai. A geração de atletas é muito boa -a maioria atua no futebol francês e inglês. A Seleção de Gana também teve o "reforço" de Kevin-Prince Boateng, que havia desistido de defender o país (ele não participou das duas últimas edições da Copa Africana de Nações), mas voltou atrás e é o maior destaque dos Estrelas Negras. Além de Prince, vale ficar de olho nos irmãos Ayew (André e Jordan), filhos do lendário Abedi Pelé, maior jogador da história do país. Das seleções africanas, Gana é a que joga o futebol mais agradável.

Pode ter a certeza de que os cinco times africanos serão muito bem-vindos ao Brasil. A herança cultural deixada pela África em nosso país é imensa e nós teremos o enorme prazer em retribuir.

Só espero que até lá, o futebol dos africanos volte a ter a alegria e leveza que os consagrou no passado.

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