quarta-feira, 10 de abril de 2013

Inchar o Elenco É Solução?

Todos os anos os torcedores pedem contratações "de impacto" aos dirigentes. Dito e feito. Só para os clubes paulistas nesta temporada, desembarcaram Lúcio (São Paulo), Pato (Corinthians) e Montillo (Santos). Isso falando de atletas consagrados e de grande sucesso.

Lá no exterior não é diferente. Todas as equipes, principalmente aquelas comandadas por magnatas, vão às compras todo final de temporada. Não sei dizer se eles o fazem por necessidade ou meramente por ostentação, mas o fato é que eles gastam quantias suficientes para pagar a dívida externa brasileira em busca de grandes contratações. Clubes que ainda não têm magnatas como proprietários, como o Arsenal, o Real Madrid e o Manchester United também contratam cerca de cinco atletas a cada final de temporada. E, muitas vezes, são jogadores para posições que já estão ocupadas. O Real Madrid, por exemplo, está com quatro meias (Modric, Özil, Di María e Kaká). E os Merengues estariam de olho em mais um, Gareth Bale. E o que dizer do Manchester United, que já tem van Persie, Rooney e Chicharito para o ataque e, mesmo assim, os Red Devils estariam atrás de Lewandowski e Falcao Garcia?

Aqui no Brasil, justifica-se a contratação de vários jogadores para a mesma posição com o objetivo de fazer "sombra" para o titular. Explicando: os "professores" acreditam que quando o atleta é titular absoluto da posição, ele tende a "relaxar" e cair de rendimento. A contratação de um reserva serviria para estimular o espírito competitivo dos atletas e fazê-los sempre lutar pela posição.

Eu não creio que montar um elenco de "dois times" seja uma solução. Muito pelo contrário: para mim isso cria problemas. Comecemos pelo lado financeiro: tudo bem que na Europa os referidos times parecem ser imunes à crise do Euro, mas aqui no Brasil a dívida das equipes é absurda. É só ver o caso do Palmeiras, que está endividado até o pescoço e tinha quase 30 nomes no elenco quando foi rebaixado. E ainda há atletas que reclamam de salários supostamente atrasados. Será que não era melhor ter enxugado a folha de pagamento dispensando alguns na metade do ano passado?

O mais grave, porém, é pelo ambiente de trabalho: a falta de espaço no elenco pode gerar desentendimentos devido à concorrência acirrada. As brigas tendem a se propagar entre os jogadores e criar rachas na equipe. E no futebol é importante o entrosamento entre os atletas. Por mais que você tente separar o lado profissional do pessoal, um sempre influencia o outro e você corre o risco de ter aquele atacante bem posicionado que não recebeu a bola porque o meia brigou feio com ele no dia anterior. Exemplo? É só lembrar do Real Madrid entre 2005 e 2007.

Há elencos inchados que funcionam? Por incrível que pareça, há. O Bayern München tem três centroavantes -Gómez, Mandzukic e Pizarro- e, mesmo assim, o treinador Jupp Heynckes aproveita todos eles fazendo rodízio, mantendo todos os atletas em forma e sempre prontos para cobrir desfalques.

Mesmo com o exemplo do Bayern, eu não aconselho trabalhar com um número elevado de atletas e, tampouco, contratar jogadores para serem reservas. Prefiro que atletas formados nas categorias de base ocupem o banco de reservas, pois estes jogadores -geralmente- não ficam insatisfeitos com o banco, não custam caro ao clube e, caso sejam vendidos, sempre geram algum lucro, mesmo que seja por preços baixos.

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