quarta-feira, 17 de abril de 2013

Pra Onde Vão as Modinhas?

Boa tarde, caro leitor. Peço a você, novamente, a sua licença para falarmos de outros esportes além do futebol.

O lutador Anderson Silva expressou nestes últimos dias a sua preocupação de que o sucesso do MMA (Mixed Martial Arts) seja apenas passageiro -a chamada "modinha". Explicando: a modalidade ganhou grande repercussão e exposição na mídia desde 2011, quando o Spider nocauteou o carioca Vitor Belfort. Desde então, os nomes de José Aldo, Júnior Cigano, Lyoto Machida e do próprio Anderson Silva estão quase tão conhecidos no Brasil quanto Neymar e Ronaldinho Gaúcho. O desempenho de nossos lutadores em competições internacionais é bom e todos eles estão bem qualificados no ranking de suas respectivas categorias.

A preocupação do Spider tem muito fundamento se pararmos para pensar que outras modalidades esportivas tinham quase a mesma atenção do futebol, mas que lentamente foram esquecidas a medida que os campeões brasileiros foram se aposentando ou assim que a "boa fase" desses esportistas passou. E mais do que isso: a ausência de grandes ídolos faz com que a modalidade deixe de receber ajuda financeira -seja ela governamental ou de patrocinadores- e até mesmo as crianças e jovens se afastam da categoria porque não têm um grande nome para se espelharem.

Comecemos pelo tênis: você, sem dúvida, se lembra de Gustavo Kuerten, o Guga. O catarinense fez muito sucesso entre 1997 e 2001, ao conquistar três vezes o torneio de Roland Garros, na França. O auge de sua carreira foi em 2000, quando Guga venceu a Masters Cup daquele ano e chegou a ocupar a primeira posição do ranking da ATP. Na ocasião, o Manezinho até recebeu a visita do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Guga sempre pedia por mais incentivos ao tênis brasileiro. Quando o tenista se lesionou no começo da década passada, ele nunca mais conseguiu jogar no mesmo nível de 2000 e acabou por se aposentar em 2008 em Roland Garros -o mesmo torneio que o consagrou-, recebendo uma linda homenagem dos franceses em um dos momentos mais emocionantes do esporte mundial. Depois daquele momento, o tênis brasileiro foi praticamente esquecido, recebendo um ou outro destaque quando Thomaz Bellucci faz uma boa exibição, mas ele ainda não conseguiu repetir os grandes feitos de Guga. E o nosso tênis foi esquecido.

E o que falar de Acelino Freitas, o Popó? O boxeador baiano teve uma boa fase no final dos anos 90 e esse sucesso recebeu a repercussão da mídia, levando incentivos ao boxe brasileiro. Quando essa boa fase passou, Popó foi esquecido e, junto com ele, foi-se a atenção ao boxe brasileiro.

Também tivemos a ginástica olímpica, com Jade Barbosa, Daiane dos Santos e os irmãos Daniele e Diego Hypólito. Todos eles fizeram muito sucesso na década passada, mas hoje em dia eles poderiam passar anônimos tranquilamente na multidão. As lesões prejudicaram o desempenho dos atletas e eles não têm conseguido repetir as façanhas de outrora. E o retorno financeiro da ginástica ficou tão baixo que o Flamengo decidiu fechar o departamento da modalidade neste ano, deixando Diego e Jade desempregados. O desespero foi tamanho, que Jade teria cogitado fazer ensaios sensuais para arrecadar fundos e salvar a modalidade.

Ainda é cedo para dizermos até quando vai durar a "boa fase" do MMA, mas já há indícios de que o sucesso pode estar prestes a acabar. Aos 38 anos, Anderson Silva já declarou que a aposentadoria não está muito longe. Já mencionei em outros posts que a idade atrapalha o desempenho de um atleta. E o Spider tem plena consciência de que tudo que ele conquistou até hoje pode vir a ser esquecido tão logo que sua carreira ou sua boa fase se encerrar.

Se isso se confirmar, seremos novamente o "país do futebol". Apenas do futebol e para o futebol.

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