Um dos motivos que me leva a torcer pro Atlético Mineiro nesta Libertadores é Ronaldinho Gaúcho. O meia-atacante não é mais o mesmo que brilhou no Barcelona ao lado de Eto'o e Giuly, mas ainda joga com muita habilidade, velocidade e técnica. E ele parece gostar do que faz. Sinto uma grande alegria exalando do atleta quando ele domina uma bola e cria uma oportunidade de gol. Não a toa, o gaúcho foi eleito duas vezes o melhor jogador do mundo -em 2004 e 2005.
É duro dizer, mas faltam atletas com a mentalidade e com a atitude de Ronaldinho em campo, atletas que pareçam gostar do que fazem. Muitos jogadores parecem encarar uma partida de futebol muito mais pelo profissionalismo do que pela paixão em jogar, com muitas exibições apáticas, monótonas, sem brilho. Pior: muitos encaram um jogo de futebol como se fosse uma guerra. Os "guerreiros" jogam na truculência, na violência e no anti-jogo, tentando intimidar os artistas da bola e considerando um drible ou um passe como "provocação". E quando fazem um gol ou vencem uma partida comemoram com escárnio, como se sentissem ódio do time adversário, como se os jogadores do outro time fossem inimigos, e não rivais.
A torcida também não ajuda. Ao invés de torcerem, muitas pessoas vão ao estádio exigir que os jogadores literalmente lutem em campo. Precisa dividir todas as bolas, entrar duro, apelar pro anti-jogo. E os torcedores deliram quando um jogador dá carrinho no adversário ou debocha do outro time. Isso não é espírito esportivo. Esse é o mesmo tipo de mentalidade que um grupo fundamentalista tem em relação a um inimigo.
Felizmente Ronaldinho está fazendo uma bela temporada, com o seu futebol alegre e com shows dentro do gramado. Ele é um dos poucos jogadores que ainda vale a pena pararmos para apreciar o seu futebol-arte que fez até mesmo Messi e Maradona se curvarem. Nada de carrinhos, nada de provocações em campo, nada de catimba. Apenas a alegria de um futebol bem jogado.
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