terça-feira, 30 de abril de 2013

Paixões Assassinas

Eu criei este blog porque eu gosto de futebol. Eu realmente aprecio o futebol, não apenas pelo fascínio que o esporte desperta em mim mas também pelo seu conceito artístico, com jogo coletivo e craques que sabem driblar, passar e fazer gols. Tanto, que sempre faço críticas pesadas aos que incentivam a prática de jogadas violentas e ou desleais, mas jamais peço a cabeça dos treinadores ou jogadores que o fazem. Critico porque quero ver se eles aprendem algo com os erros e melhoram a conduta em campo.

Acima de tudo, o futebol para mim é um passatempo, algo que eu curto para ter alguns minutos de diversão. Não faço disso o meu modo de vida. Não deixo de sair com os meus amigos ou de me dedicar às outras atividades para ver futebol. E, acima de tudo, jamais sairia por aí cometendo crimes em nome dos times que eu gosto. Não acho nem um pouco sensato você pegar uma arma e dar um tiro em outra pessoa porque ela veste a camisa do time que você não torce. E também não vejo nenhuma razão para você ir até o centro de treinamento do seu time de coração e atirar pedras contra o ônibus do seu time de coração porque o jogador falhou no momento decisivo.

Infelizmente, a grande maioria dos torcedores daqui do Brasil não pensa assim. Todos agem com extrema passionalidade quando se trata de futebol. É só ver a quantidade de palavras de baixo calão que aparecem nos comentários sobre os times nas páginas de esporte.

Nós brasileiros somos um povo passional. Somos movidos muito mais pelos nossos sentimentos do que pela nossa razão. Ficamos indignados quando um homicídio ganha repercussão na mídia ou quando um deputado é flagrado desviando milhões de reais dos cofres públicos. Diante de tais ocorridos, temos a grande vontade de pegarmos em armas e agredir tais malfeitores de todas as maneiras tão logo que as notícias vêm a público. Mas bastam algum tempo para que o ódio esfrie em nossos corações e voltemos às nossas vidas normais como se nada tivesse acontecido em relação àquelas notícias. Tanto é verdade que muitos políticos que foram acusados de crimes no passado estão de volta a Brasília, eleitos pelo voto popular.

Com o futebol é a mesma coisa. O torcedor brasileiro tem raiva daqueles que cometem erros pelo seu time -jogadores, treinadores e dirigentes. Até hoje eu me lembro que Kaká e Luis Fabiano saíram do São Paulo no começo da década passada pela porta dos fundos, mas o torcedor tricolor sempre pede a volta da dupla. Ou o que dizer de Carlito Tevez, que teve o carro danificado por torcedores em 2006, mas sempre que seu nome vem especulado no Timão, corinthianos pedem para que a diretoria traga o argentino de volta "a qualquer custo".

Pior acontece em relação a torcidas de times rivais. Sempre há torcedores dispostos a arrumar confusão com os rivais que cometem o "crime" de torcer para uma equipe rival. A intolerância que algumas das "torcidas organizadas" têm para seus rivais pode ser comparada à de grupos fundamentalistas. Basta ver quantos torcedores foram mortos ou feridos em nome do futebol. A raiva passa, mas as consequências são para sempre.

Até hoje eu me pergunto se vale mesmo a pena sairmos por aí com as camisas de nossos times preferidos, encontrarmos nossos amigos no bar ou no estádio e nos depararmos com pessoas armadas, vestidas com a camisa de um time adversário e que dão um tiro antes de pensar se eu realmente tenho algo contra ele.

Futebol é arte e entretenimento. Mas se o brasileiro sempre prefere pensar antes com o coração do que com a cabeça, prefiro seguir os conselhos de Flávio Prado e continuar assistindo ao meu futebolzinho em casa.

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