sexta-feira, 12 de abril de 2013

Será que Jogar na Raça É a Solução?

Eu sempre defendo que o futebol deve ser jogado da forma mais limpa e mais técnica possível, tanto que sou fã confesso do Barcelona e do Borussia Dortmund. Mas assistindo ao jogo do Palmeiras hoje, estava pensando se jogar com o coração é realmente mais importante do que jogar com a cabeça. Quando falo jogar com a cabeça, digo que você joga controlando o jogo, trocando os passes e cadenciando as jogadas. E quando você deixa o coração falar mais alto, você esquece quase tudo que aprendeu na escolinha de futebol e vai pra cima, na raça, na vontade e na superação.

Isso me fez lembrar de outro jogo do Palmeiras, válido pelo Paulistão de 2010. O jogo era contra o Santos na Vila Belmiro e o Peixe tinha a disposição um elenco tecnicamente muito superior, com Neymar, André, Ganso, Madson, Wesley e Arouca. O time praiano abriu o placar e Neymar e seus amigos comemoravam seus gols com as "dancinhas", que tanto empolgavam o torcedor da Vila e que tanto irritavam os adversários. Furiosos, os atletas palmeirenses verticalizaram o jogo e foram para cima do gol de Rafael Cabral. A raiva dos alviverdes era tanta que Armero e Robert dançaram após um dos gols em um claro gesto de extravasar o ódio que eles estavam sentindo no momento. E o Palestra virou o jogo por 4x3 em pleno Urbano Caldeira. Um jogo onde o coração superou a técnica.

Outros exemplos? Que tal começar com o Málaga, que está mergulhado em dívidas e fez um esforço monstruoso para superar o Porto nas oitavas da Champions deste ano? E eles quase derrubaram o meu Borussia, que também resolveu deixar a técnica de lado e partiu pra cima dos andaluzes com Felipe Santana -um zagueiro que deixou seu posto e foi no melhor estilo Kamikaze cabecear as bolas para o gol de Willy Caballero. E o que falar do Celtic, que segurou o meu Barça na fase de grupos e classificou-se para as oitavas superando suas próprias limitações?

Claro que jogar com o coração tem seus riscos: você passa a agir puramente por instinto e pela paixão, tornando-se mais agressivo e obcecado. Jogando assim, você pode até acabar ignorando detalhes ao seu redor e fazer coisas erradas, como agredir um adversário, chutar a bola com muita força ou tropeçar. É o que chamamos nos jogos de videogame e RPGs de entrar no modo Berserker, que é um estado onde uma personagem perde a razão e a consciência e passa a atacar cegamente o primeiro alvo que vier.

Não aprovo um time jogar dessa maneira por causa dos riscos que já mencionei. Prefiro ter o controle do jogo sempre que possível. Mas é isso que os torcedores pedem quando cantam "vamos jogar com raça e com coração". Nada pessoal contra o Palmeiras, mas o risco é esse.

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