domingo, 17 de março de 2013

Adversário não é Inimigo

É claro que a derrota sempre deixa um gosto amargo, ainda mais quando essa derrota acaba custando algo a mais do que a disputa em si: um título, uma posição no ranking, algum tabu imposto sobre um adversário por anos, ...

A competitividade, que nos é ensinada desde a infância, faz com que valorizemos apenas as vitórias, mas não nos ensina a conviver com a frustração e com a realidade, na qual nós nunca iremos vencer todas as batalhas que iremos disputar. Quem nunca ficou chateado porque reprovou em algum exame, perdeu um prêmio, perdeu alguma vaga para algum concorrente mais preparado, ...

Pior que isso: alguns desses "concorrentes" aprenderam a odiar seus adversários como se todos fossem seus inimigos. Poderiam simplesmente olhar para dentro de si para enxergarem seus próprios erros. Não. O culpado é sempre o "inimigo". Por causa disso, irei puxar o tapete do inimigo ou encontrar alguma forma de prejudicá-lo.

No esporte, sempre há muitas equipes disputando um título, mas no final há apenas um vencedor. No Paulistão e no Brasileirão são sempre 20 times lutando por um único troféu. Na Libertadores, a disputa é ainda mais acirrada, com 64 equipes, das quais apenas uma poderá se sagrar campeã. Por causa disso, a disputa no esporte é ainda mais acirrada do que um vestibular, um nicho de mercado ou por um cargo elevado na empresa onde você trabalha.

Infelizmente, as partes envolvidas raramente assimilam que o objetivo dos dois times é sempre ganhar. É a obrigação profissional. E quando o seu time perde, sempre é o árbitro que é o culpado, o time adversário que é beneficiado pelos bastidores, o técnico é burro, o jogador faz corpo mole ou a diretoria é incompetente. E as partes envolvidas sempre acreditam que a derrota é uma desculpa para sair "caçando bruxas" dentro do próprio clube. Quantos técnicos vivem na berlinda pela pressão por resultados? Quantos presidentes são pressionados por causa das dívidas e dos jejuns de títulos? Quantos jogadores foram agredidos -fisicamente ou verbalmente- porque não rendem o esperado?

Pior são os pseudo-torcedores que acreditam que o adversário é um inimigo e deve ser caçado e odiado a qualquer custo. O tal do Denílson vive levando cartões amarelos pelos carrinhos que desfere e, mesmo assim, é exaltado pelos torcedores do São Paulo. O Cristian virou ídolo do torcedor corinthiano porque fez gestos obscenos à torcida do São Paulo em 2009. Os palmeirenses deliravam quando o Kléber Gladiador desferia cotoveladas no adversários. Isso é uma tremenda falta de respeito aos colegas de trabalho e uma tremenda afronta ao esporte.

Você nunca ouviu falar da expressão "espírito esportivo"? "Espírito esportivo" é fair play. É jogar respeitando o adversário. É saber que vencer ou perder é parte do jogo. É saber que, assim como o seu time, o time do adversário também tem a obrigação profissional de vencer.

Infelizmente, não é só no Brasil que essas coisas acontecem. Lá na Europa, são comuns casos de racismo, violência (dentro e fora de campo), provocações, ...

Já está mais do que na hora de aprendermos que rivalidade é saudável dentro de certos limites. A partir do momento que você usa o amor pelo seu time para cometer crimes ou desrespeitar o colega de trabalho, acho que você deve ser banido do esporte.

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