segunda-feira, 18 de março de 2013

O Maior Técnico que eu Já Vi

Talvez você nunca tenha ouvido falar de Hendrik Johannes Cruijff, mais conhecido como Johann Cruyff, mas pode ter certeza que você conhece seu trabalho.

Cruyff é considerado o maior jogador da Holanda de todos os tempos. Ele está para aquele país, assim como Pelé está o Brasil, assim como Maradona está para a Argentina e assim como Beckenbauer está para a Alemanha.

Como jogador, Cruyff era um meia-atacante genial e o cérebro do esquema tático da Seleção Holandesa de 1974. Aliás, aquele timaço, comandado pelo saudoso Rinus Michels tinha muitas semelhanças com o Barcelona nos dias de hoje: marcação no campo de ataque, jogo coletivo, posicionamento ofensivo para favorecer trocas de passes, ... Era um time de tirar o fôlego literalmente. Não a toa, esse time ficou conhecido como "Laranja Mecância". Vale lembrar que Cruyff e Michels também haviam trabalhado juntos no Ajax e no Barcelona.

Como treinador, Cruyff elaborou um esquema tático visivelmente inspirado no de Michels e o colocou em prática no Barcelona. De novo estavam lá a troca de passes, o posicionamento inteligente, a marcação por pressão no campo de ataque e o jogo coletivo. E ele contava com grande jogadores, como Michael Laudrup, Txiki Begiristain, Hristo Stoichkov e Josep Guardiola que, mais tarde, se tornaria o sucessor de Cruyff e implantaria um esquema tático no próprio Barcelona inspirado no do holandês.

Em 1992, Cruyff levou o Barça a sua primeira Champions League e enfrentaria o São Paulo de Telê Santana no mundial de clubes. Revendo os vídeos daquele jogo, fiquei impressionado como era o embate entre dois treinadores de filosofias tão semelhantes. Telê era outro treinador que era fã confesso de Michels e também armou o São Paulo com um esquema parecido com o "Carrossel Holandês". Foi um grande espetáculo do futebol-arte. Na época, torci para o São Paulo, mas se fosse hoje, ficaria satisfeito se qualquer um dos dois times prevalecesse.

Mas pra mim, o que realmente fez de Cruyff um treinador inteligente, foi a maneira como o holandês lidava com Romário. Todos nós sabemos que Romário era um baladeiro costumas e vivia chegando atrasado nos treinos, mas Cruyff sabia como usar a fanfarronice do Baixinho ao seu favor. Em entrevistas publicadas no site globoesporte.com, Cruyff declarou que fazia acordos com nosso eterno camisa 11: o Baixinho teria direito a dias de folga extras dependendo do número de gols marcados. Sim. Cruyff não se importava se o jogador era disciplinado ou não. Para ele, o que importava era que Romário jogasse bem. E, dessa forma, Romário foi eleito o melhor jogador do mundo em 1994! Pode ter certeza que se fossem o Felipão ou o Muricy, Romário já estaria confinado ao banco de reservas e sendo negociado com algum outro clube.

E Cruyff não abre mão de suas convicções. Para ele, o futebol de hoje está cada vez mais truculento e menos técnico. Ele criticou abertamente as seleções do Brasil e da Holanda em 2010 por causa do excesso de violência. E não é que ele tinha razão? O pisão de Felipe Melo em Arjen Robben e o chute de Nigel de Jong no peito de Xabi Alonso mostraram claramente como o futebol desses países se deteriorou.

É uma pena que cada vez menos exitam homens como Johan Cruyff. Se ele tivesse a oportunidade de dirigir a Seleção Brasileira, pode ter certeza que daríamos um pau até na Espanha.

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