Talvez você nunca tenha ouvido falar de Hendrik Johannes Cruijff, mais conhecido como Johann Cruyff, mas pode ter certeza que você conhece seu trabalho.
Cruyff é considerado o maior jogador da Holanda de todos os tempos. Ele está para aquele país, assim como Pelé está o Brasil, assim como Maradona está para a Argentina e assim como Beckenbauer está para a Alemanha.
Como jogador, Cruyff era um meia-atacante genial e o cérebro do esquema tático da Seleção Holandesa de 1974. Aliás, aquele timaço, comandado pelo saudoso Rinus Michels tinha muitas semelhanças com o Barcelona nos dias de hoje: marcação no campo de ataque, jogo coletivo, posicionamento ofensivo para favorecer trocas de passes, ... Era um time de tirar o fôlego literalmente. Não a toa, esse time ficou conhecido como "Laranja Mecância". Vale lembrar que Cruyff e Michels também haviam trabalhado juntos no Ajax e no Barcelona.
Como treinador, Cruyff elaborou um esquema tático visivelmente inspirado no de Michels e o colocou em prática no Barcelona. De novo estavam lá a troca de passes, o posicionamento inteligente, a marcação por pressão no campo de ataque e o jogo coletivo. E ele contava com grande jogadores, como Michael Laudrup, Txiki Begiristain, Hristo Stoichkov e Josep Guardiola que, mais tarde, se tornaria o sucessor de Cruyff e implantaria um esquema tático no próprio Barcelona inspirado no do holandês.
Em 1992, Cruyff levou o Barça a sua primeira Champions League e enfrentaria o São Paulo de Telê Santana no mundial de clubes. Revendo os vídeos daquele jogo, fiquei impressionado como era o embate entre dois treinadores de filosofias tão semelhantes. Telê era outro treinador que era fã confesso de Michels e também armou o São Paulo com um esquema parecido com o "Carrossel Holandês". Foi um grande espetáculo do futebol-arte. Na época, torci para o São Paulo, mas se fosse hoje, ficaria satisfeito se qualquer um dos dois times prevalecesse.
Mas pra mim, o que realmente fez de Cruyff um treinador inteligente, foi a maneira como o holandês lidava com Romário. Todos nós sabemos que Romário era um baladeiro costumas e vivia chegando atrasado nos treinos, mas Cruyff sabia como usar a fanfarronice do Baixinho ao seu favor. Em entrevistas publicadas no site globoesporte.com, Cruyff declarou que fazia acordos com nosso eterno camisa 11: o Baixinho teria direito a dias de folga extras dependendo do número de gols marcados. Sim. Cruyff não se importava se o jogador era disciplinado ou não. Para ele, o que importava era que Romário jogasse bem. E, dessa forma, Romário foi eleito o melhor jogador do mundo em 1994! Pode ter certeza que se fossem o Felipão ou o Muricy, Romário já estaria confinado ao banco de reservas e sendo negociado com algum outro clube.
E Cruyff não abre mão de suas convicções. Para ele, o futebol de hoje está cada vez mais truculento e menos técnico. Ele criticou abertamente as seleções do Brasil e da Holanda em 2010 por causa do excesso de violência. E não é que ele tinha razão? O pisão de Felipe Melo em Arjen Robben e o chute de Nigel de Jong no peito de Xabi Alonso mostraram claramente como o futebol desses países se deteriorou.
É uma pena que cada vez menos exitam homens como Johan Cruyff. Se ele tivesse a oportunidade de dirigir a Seleção Brasileira, pode ter certeza que daríamos um pau até na Espanha.
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