domingo, 24 de março de 2013

Davi e Golias em Campo

Conta o povo hebreu que Golias era um homem enorme e muito forte, capaz de derrotar dezenas de homens sozinho. Alguns escritores citam Golias como um gigante. Um dia, o Rei Davi desafiou Golias para uma luta. Davi não tinha força para competir com Golias em uma luta mano-a-mano, mas com astúcia e inteligência, utilizou uma funda (arma arremessadora de pedras) e derrotou o gigante.

Esta história mostra justamente como um homem aparentemente fraco pode superar um oponente tido como muito mais forte. E ela pode perfeitamente descrever a campanha do Borussia Dortmund nesta edição da Champions League.

Quando ocorreu o sorteio da fase de grupos da Champions, o Borussia caiu em um "grupo da morte", como o Ajax (que não tem mais a mesma força de outrora, mas ostenta quatro títulos europeus e é o berço de vários atletas talentosíssimos) e com os magnatas Manchester City e Real Madrid.

O poderio econômico dos Citzens e dos Merengues chega a ser obsceno de tão exagerado. Nem mesmo a crise européia consegue impor limites ao poder aquisitivo destes dois clubes, que poderiam tranquilamente comprar todo o elenco do Borussia Dortmund, incluindo o treinador e os reservas. E ainda sobraria troco.

Em campo, no entanto, o que se viu foi um aparentemente pequeno Borussia Dortmund mostrando que é necessário muito mais do que dinheiro para se fazer um elenco campeão. Contando com um elenco predominantemente jovem (dos titulares, apenas Weidenfeller e o capitão Kehl têm mais de 30 anos) e de jogadores pequenos, os aurinegros superaram invictos o "grupo da morte" graças ao seu estilo de jogo muito parecido com o Barcelona: trocas de passes, meio-campo muito mais ofensivo do que defensivo e alguns garotos revelados na base (Götze e Schmelzer). É um time leve, que se contrapõe ao outrora truculento futebol alemão. E que se vale muito mais do talento e da técnica de seus atletas, do que do poder aquisitivo ou da ostentação. Vale também mencionar o bom trabalho executado pelo técnico Jurgen Klopp que soube reconstruir o elenco após as perdas de jogadores para os times de maior poder aquisitivo. Eu considero o Klopp o melhor treinador da atualidade.

É uma pena que o Borussia é ainda um clube muito mais "doador" de atletas do que "aceptor", já que a tendência para o próximo final de temporada é a perda de mais atletas para os "magnatas do futebol". Lewandowski, Götze, Hummels e Reus são frequentemente especulado nos "poderosos" da Europa.

Minha esperança é que o Borussia faça uma campanha excepcional nesta temporada e, com isso, consiga segurar sua base, além de tornar-se um "aceptor" de jogadores. Mais do que isso, adoraria ver um confronto entre os aurinegros e o Barcelona, de preferência na final em Wembley. Seria um confronto magnífico entre duas equipes de filosofias e estilos de jogo semelhantes. É difícil, mas não seria impossível para um time que deixou dois magnatas para trás.

Força, BVB! Independente de vocês conseguirem o bicampeonato da Champions, vocês já conseguiram deixar um grande feito na história ao deixarem "dois Golias" na lona! Echte liebe!

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