sexta-feira, 15 de março de 2013

Clube ou Empresa?

Embora o Bayern tenha se classificado para as quartas-de-final da Champions League na última quarta-feira, ainda não me sai da cabeça o futebol envolvente que o Arsenal jogou. Sim, foi o mais belo futebol executado por um time inglês que eu já vi em todos esses anos. Os Gunners jogam com a bola no chão, trocam passes, sabem controlar o jogo e atuam coletivamente, mesmo com o elenco inchado e cheio de atletas confinados ao banco de reservas.

A Premier League raramente nos mostra algum primor de futebol. Os jogos são muito mais emocionantes pela rivalidade acirrada entre os clubes do que pela qualidade do futebol. Times como o Chelsea e o Manchester United apostam em um futebol mais conhecido pela força do que pela técnica. E eles não abrem mão dos veteranos, muitos deles em franca decadência. O Arsenal é um oásis de técnica em um deserto de brutalidade.

O clube londrino já viveu seus dias de glória há alguns anos atrás, nos tempos de Gilberto Silva e Thierry Henry -este último, eternizado no Emirates Stadium, com uma estátua erguida diante do estádio no ano passado. Some isso à competência do treinador Arsène Wenger, um técnico que, mesmo com as campanhas apenas regulares, continua muito respeitado no mundo futebolístico graças ao seu estilo de dirigir um time. Já são mais de 15 anos diante dos Gunners.

Infelizmente, nos últimos anos o Arsenal ficou conhecido muito mais pelos seus negócios muito lucrativos em termos financeiros, mas nem tanto em termos de futebol. O clube adota a política de contratar jovens talentos de clubes menores -alguns deles recrutados ainda nas categorias de base de outros clubes- para valorizar e depois vender aos gigantes do velho continente.

O reflexo disso se dá no desempenho do time. O Arsenal, ano após ano, sempre se classifica aos trancos e barrancos para a Champions League, mas raramente ergue algum troféu. Aliás, desde 2005 os Gunners vivem um jejum de títulos. E os torcedores e os próprios jogadores se impacientam com a falta de perspectivas do clube para brigar pelos títulos.

Muito se especula sobre o futuro do Arsenal. Já foram ventiladas histórias sobre demitir Arsène Wenger que estaria desgastado no clube. Outras histórias diziam que magnatas do Oriente Médio gostariam de adquirir o clube e fazer do time londrino um novo Chelsea ou um novo Manchester City. Apenas especulações.

O certo é que o Arsenal precisa definir um rumo para os próximos anos. Confesso que eu gostaria muito que o time voltasse a brigar pelos títulos. E potencial eles tem. Os Gunners quase fizeram um milagre no Alianz Arena nesta semana. Se o clube conseguisse segurar seus principais jogadores por mais tempo ao invés de vendê-los, pode ter certeza que o time londrino teria entrosamento e padrão de jogo suficiente para bater de frente até com o Barcelona. Vide as oitavas-de-final da Champions de 2010-11.

Portanto, chegou a hora de definir o que é mais importante para o clube: os títulos ou o lucro com a venda dos jogadores.

Aliás, é bom lembrar que o São Paulo Futebol Clube está indo pelo mesmo caminho. A única diferença entre o São Paulo e o Arsenal é que o clube paulista tem o hábito de trazer uns "medalhões" para tentar remediar crises.

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