sábado, 30 de março de 2013

Triângulo Ofensivo

Um dos grandes problemas de você jogar na defensiva é que seu time fica na expectativa de um erro do adversário. E nem todo rival erra. Ainda assim, muitos "professores" insistem em deixar todo o meio-campo livre pro adversário jogar, na esperança de tomar a bola do adversário no campo de defesa e puxar um contra-ataque rápido. E eles sempre apertam a marcação em cima dos craques do time adversário. É o que o Chelsea e o Milan fizeram contra Messi nos últimos confrontos com o Barcelona, com até quatro jogadores cercando e marcando La Pulga.

A maneira como os times começaram a anular o Barcelona me lembrou uma situação muito semelhante ocorrida no basquete norte-americano no final dos anos 80 e começo dos anos 90.

A era de ouro do Chicago Bulls se deu quando Michael Jordan, que na minha opinião é o maior jogador de basquete de todos os tempos, atuou pelo time de Chicago. Jordan carregava o time do Bulls sozinho nas costas, até que as outras equipes, como o Detroit Pistons, passaram a anular Jordan valendo-se de marcação dupla -chamada de Jordan rules. Notaram a semelhança da estratégia com a utilizada por Mourinho para deter Messi?

Alguns anos depois, porém, o então treinador do Bulls, Phil Jackson, e seu assistente, Tex Winter, adotaram uma tática chamada de "triângulo ofensivo" (triangle offense). A estratégia, grosso modo, funciona assim: o condutor da bola se aproxima do garrafão pela frente enquanto os outros quatro jogadores se distribuem ao redor dele, um em cada extremidade, posicionando-os como um "X" ao redor da linha dos três pontos. O objetivo dessa distribuição é oferecer ao condutor da bola mais de uma opção de passe, confundindo a marcação. E o fato das Jordan rules fazerem marcação dupla sobre um jogador, deixa um atleta livre, e isso tornou a estratégia do "triângulo ofensivo" ainda mais eficaz, uma vez que sempre há pelo menos um jogador livre enquanto dois estavam sendo mobilizados para marcar Jordan.

A distribuição dos atletas em "X" possibilita uma "triangulação de passes" muito semelhante ao "Tiki-Taka" do Barcelona, oferecendo ao condutor da bola vantagens semelhantes à formação do 2-3-2-3 adotada pelo Barça de Guardiola: os atletas sempre têm mais de uma possibilidade para passar a bola.

O basquete conseguiu demolir a retranca dos Pistons valendo-se do jogo coletivo e da inteligência. Mas e no futebol? Jordi Roura (que eu tanto critiquei) e Vicente Del Bosque já deram a resposta: adiantar a marcação e disponibilizar mais homens no campo de ataque. O "ônibus" do Milan capotou depois que Roura adiantou os laterais e os volantes para marcar por pressão e roubar a bola no campo de ataque. Del Bosque fez o mesmo contra a França nesta semana ao adiantar os zagueiros para o meio-de-campo. E tome troca de passes!

Toda tática tem pelo menos uma fraqueza e encontrar essas fraquezas faz parte do jogo. Mas ninguém pode entrar no jogo contando com os erros do adversário, é preciso tomar iniciativa para forçar o erro, ou você, a prática, fica esperando para que o adversário seja bonzinho e aceite a marcação...

Um comentário:

  1. Melhor site de futebol que encontrei nos últimos tempos Parabéns continuem com o bom trabalho!

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