sábado, 30 de março de 2013

Não se Administra com o Umbigo ou com o Coração

Eu fico impressionado como os dirigentes dos clubes se comportam. A maioria deles não têm o menor comprometimento com as entidades que comandam, apenas com o próprio ego. Parecem administrar os clubes com o umbigo.

Dirigir uma entidade é algo muito complexo. É preciso saber administrar as finanças do clube, permanecer o mais neutro possível não tomando partido de ninguém, amenizar os confrontos dos subordinados -desde o faxineiro, passando pelos jogadores, comissão técnica até o vice-presidente- o máximo possível e ainda manter relações cordiais com as outras entidades -outros clubes, patrocinadores e as federações. Mais importante do que isso, é preciso lembrar que um clube tem grande importância na formação de novos atletas que poderão representar uma nação no futuro. E isso não apenas no futebol.

O que eu vejo, no entanto, são dirigentes mais preocupados em forrar os próprios bolsos ou fazerem manobras políticas para permanecerem mais tempo no cargo. E eles não suportam críticas, precisa ser tudo do jeito que eles mandam. Não é desse jeito que o seu time briga por títulos.

"Então, nós precisamos que alguém administre o clube com o coração, certo"? Errado, muito errado.

Administrar um clube com o coração também pode ser um grande erro. Você acaba colocando no seu clube apenas o que você gosta. Mas o que você gosta necessariamente funciona? Imaginemos, por exemplo, como um torcedor do São Paulo montaria seu elenco. Ele iria querer repatriar vários ídolos do passado, como Josué, Mineiro, Aloísio. E pagaria bilhões de dólares para trazer o Muricy de volta.

Desculpe, mas isso também não funciona. A maioria dos ídolos do passado nem sempre rendem o esperado. Muitos deles já estão velhos e propensos a lesões. Você até pode trazê-los para encerrar a carreira no clube onde eles tiveram sucesso em sinal de respeito e agradecimento pelos feitos do jogador, mas não necessariamente pode contar com eles para obter títulos. E você não vai querer mandá-los embora por causa do carinho ou da gratidão que você tem com eles. Além disso, um presidente-torcedor vai trocar de técnico a cada rodada porque torcedores raramente têm paciência para que um investimento dê retorno. Eu já falei que leva tempo para treinador e elenco se entenderem. E, pior ainda, imagine o que uma pessoa totalmente passional faria num momento de crise: ela iria agredir jogadores e treinadores porque "eles não honram a camisa do clube".

Presidir um clube é como administrar uma empresa: você precisa investir no que vai dar retorno para o seu clube, e não apenas para o seu bolso ou para o seu coração. Você muitas vezes terá de abrir mão do seu ego e das coisas que você gosta em nome das finanças, do desempenho do elenco e das boas relações horizontais e verticais.

Me desculpem pelo post, mas não é nada pessoal. São apenas negócios.

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