quarta-feira, 28 de maio de 2014

Como (Não) Usar o 4-2-3-1

Imagem extraída do Facebook oficial do Borussia Dortmund- http://www.facebook.com/BVBorussiaDortmund09

O 4-2-3-1 é definitivamente o esquema tático da moda, preferido por franceses, ingleses e, principalmente, pelos alemães. Não é a minha formação preferida, mas ela é muito útil tanto para atacar quanto para defender.

Uma demonstração desta versatilidade do 4-2-3-1 é a possibilidade do esquema ser flexionado para um 4-3-3 (adiantando-se os wingers e os volantes) ou para um 4-4-2 (recuando-se os wingers). O primeiro caso é muito usado pelo Borussia Dortmund que conta com dois volantes bastante ofensivos (Gündoğan e Bender), enquanto o segundo caso foi usado pelo Chelsea contra o Barcelona em 2012.


O 4-2-3-1 (esquerda) sendo flexionado para 4-3-3 (centro) e para 4-4-2 (direita). Tudo depende de como os volantes e
os wingers (pontas) são posicionados em campo (imagens obtida via this11.com).


Mano Menezes (em 2009), Tite (em 2012) e Muricy Ramalho (durante o Paulistão 2014) trataram de utilizar suas próprias variações do 4-2-3-1. Os treinadores fazem a transição para 4-3-3 ou 4-1-4-1 adiantando-se de um volante para ajudar o meia na armação enquanto o outro se mantem recuado. O Corinthians tinha Elias em 2009 e Paulinho em 2012, enquanto o São Paulo atualmente conta com Maicon para a função. Lembra um pouco o posicionamento de Gabi no Atlético de Madrid, executando funções ofensivas e defensivas conforme a necessidade.


Atlético de Madrid na temporada 2013-14 (esquerda) e São Paulo durante o Paulistão 2014 (direita): apenas um dos
volantes tem liberdade para subir (Gabi no Atleti e Maicon no Tricolor), enquanto o outro (Tiago e Souza) assumem
funções mais defensivas. O esquema é flexionado para 4-1-4-1 no Atlético e 4-1-2-3 no São Paulo (imagens obtida via this11.com).

Um dos grandes problemas do uso do 4-2-3-1 se vê justamente aqui no Brasil. Os dois atacantes que atuam abertos precisam saber voltar para marcar e, com isso, ajudarem a cobrir os laterais. Nem todo atacante que atua pelos flancos sabe marcar. Neymar não se mostrou muito bem na função pela Seleção Brasileira -no amistoso contra a Suíça, por exemplo, o ex-menino da Vila cometeu faltas todas as vezes em que precisou voltar para ajudar Marcelo. E Romarinho foi bastante prejudicado em alguns jogos no Corinthians porque foi utilizado como winger, quando sua característica é apenas o ataque.

Outro problema encontrado é quando nenhum dos dois volantes ajudam o meia na armação. Quando isso ocorre, basta o rival marcar o único meia do time para matar a equipe. Foi o que aconteceu com a nossa Seleção em algumas oportunidades quando os adversários marcaram o único armador da equipe (Ganso ou Oscar, dependendo da ocasião) e minaram nossa criatividade.

Finalizo apontando uma falha grave dos nossos "professores": eles quase sempre vêm com um esquema tático pronto na cabeça e obrigam que os seus atletas se adaptem à formação, ao invés de desenhar um posicionamento adequado às características dos jogadores disponíveis no elenco. Deve ser por isso que tantos outrora bons jogadores saem queimados de seus clubes com a mudança de treinador e depois voltam a jogar bem em outros times.

O 4-2-3-1, como qualquer outro esquema tático, tem virtudes e fraquezas. Nem todo jogador se adapta a esse tipo de formação, mas muitos de nossos "professores" não parecem compreender isto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário