sábado, 17 de maio de 2014

Pelas Pontas

Imagem extraída de https://www.facebook.com/FagnerLemosOficial

Em meus constantes debates sobre futebol com meu colega de trabalho, nós discutimos as funções de um lateral.

Meu colega (que é corinthiano) alegou que Fagner (foto) não é lateral-direito e sim meio-campista. Meu amigo ainda argumentou que o camisa 35 é muito ofensivo e deixa uma avenida para os adversários atacarem pelo seu lado.

Fagner não é o único lateral brasileiro considerado "ofensivo demais". André Santos (Flamengo), Dani Alves (Barcelona), Marcelo (Real Madrid), Douglas (São Paulo), entre outros, são laterais que têm muita participação no atraque. Quando André Santos passou pelo Arsenal, imprensa e torcedores queixaram-se do atual jogador do Flamengo dizendo que ele atacava muito mas marcava pouco.

O lateral brasileiro, de fato, tem muito mais liberdade para atacar do que no exterior. Tanto, que é comum os treinadores improvisarem meias ou volantes no lugar dos laterais em caso de desfalque. Mas fora do Brasil, os técnicos improvisam zagueiros para jogar nas laterais em caso de desfalques nos times. Dois laterais típicos (com apenas funções defensivas) são Piris (ex-São Paulo) e Fábio Santos (do Corinthians), ambos marcadores mas que sobem pouco para atacar.

Lateral em inglês é chamado de left back (esquerdo) ou right back (direito) e sua principal função é impedir que os pontas adversários consigam chegar à linha de fundo. Teoricamente, um lateral é um zagueiro que joga aberto e deveria apenas cumprir funções defensivas.


Atuação esperada de um lateral (side back): trata-se de um
zagueiro que joga aberto e tem a função de impedir que o adversário
consiga fazer jogadas pela linha de fundo. Fora do Brasil, os laterais têm
muito menos liberdade para atacarem (imagem obtida via this11.com).


Há os meio-campistas que atuam abertos pelos lados. Esses jogadores são adotados em esquemas como 3-5-2 ou 3-4-3 (com os laterais jogando mais adiantados na linha da intermediária) ou 4-4-2 "losango" (com dois meias abertos para ajudar a cobrir os laterais).

Atletas que exercem essa função têm mais liberdade para atacar e precisam voltar menos para fechar os espaços. Alguns desses jogadores são chamados de wingbacks (fusão das palavras "winger" e "back") ou "alas" e sua área de atuação cobre toda a lateral do campo. Como há atletas cobrindo suas retaguardas, os wingbacks têm menor responsabilidade defensiva. Petros, Guilherme (ambos do Corinthians) e Wesley (Palmeiras) fazem essa função atualmente.


Área de atuação de um meia aberto: mais liberdade para criar
e menos necessidade de marcar (imagem obtida via this11.com).

Há, por fim, os wingers, que equivalem aos pontas no Brasil. Eles têm a função de atacar pelos flancos e efetuar jogadas pela linha de fundo, mas precisam voltar para o meio-de-campo para ajudar a cobrir os laterais. Esses jogadores são muito empregados na formação 4-2-3-1 e temos exemplos aos montes no Brasil e no exterior. Osvaldo (São Paulo), Marco Reus (Borussia Dortmund) e Podolski (Arsenal) são três wingers esquerdos e desempenham funções ofensivas e defensivas em campo.


Esta é a área de atuação dos wingers: eles se assemelham aos
atacantes em muitos aspectos, mas têm de voltar para ajudar a
cobrir os laterais (imagem obtida via this11.com).


Obviamente, o que está escrito aqui não é uma regra e podemos ter atletas capazes de realizar as três funções sem nenhum problema, como Kevin Grosskreutz (Borussia Dortmund) que já foi escalado como winger e lateral-esquerdo.

A área de atuação do jogador varia conforme o esquema tático adotado e também dependendo de como o adversário joga. Certa vez, o Chelsea recuou tanto o time que os laterais Filipe Luís e Juanfran tiveram liberdade para jogarem até a linha de fundo e... Acho que você já sabe como a história terminou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário