Imagem extraída do Facebook oficial do São Paulo- https://www.facebook.com/saopaulofc |
O Brasil realmente mudou em muitos aspectos.
Mesmo o relacionamento tornou-se algo passageiro, descartável, efêmero. A brutalidade substituiu o cavalheirismo de muitos homens. Relacionamentos existem como se fossem apenas para saciar um desejo animalesco, primitivo e em muitos deles não parece haver aquela cumplicidade, apenas superficialidade. Muitos parecem ter saído do romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo.
O futebol não está muito diferente dos relacionamentos. A brutalidade e a truculência substituíram a elegância e os lances bonitos. Mesmo a torcida quer ver sangue. Aplaudem os brucutus que dão carrinhos e vaiam os árbitros que cumprem sua função ao punirem os agressores. Os gramados em muitas partidas mais se parecem com ringues... Ou com selvas repletas de animais selvagens se digladiando entre si. Falta romantismo no futebol.
O Romantismo, como escola literária, surgiu durante o final do Século XVIII. Ao contrário do que o nome sugere, a tendência não trata necessariamente do amor como tema central. Sua principal característica é negação da realidade, a busca por um mundo ideal, o escapismo.
Telê Santana (foto) era chamado de o "último romântico" porque negava a realidade do futebol. Enquanto muitos desejavam os troféus a qualquer custo, Telê defendia o futebol bonito, bem jogado. Rejeitava o futebol de resultados que, ironicamente, o derrotou em 1982. Mesmo assim, o treinador não mudou suas convicções e continuou leal aos seus ideais até o dia de sua morte.
Guardiola, Jürgen Klopp e Arsène Wenger também não se rendem ao futebol de resultados a despeito das críticas que recebem. Continuaram apostando na elegância, no jogo bonito, na coletividade. Se tivessem sido melhor sucedidos na temporada, provavelmente a imprensa diria que eles estavam certos, que eles tinham razão ao não abrirem mão de suas convicções.
Em uma realidade tão brutal como a atual, remar contra a maré é ser romântico. Praticar o fair play é negar a realidade.
Estamos tão preocupados com a aparência e com o resultado final que esquecemo-nos de avaliar os métodos, os meios. Optamos sempre pelo caminho mais fácil mas não necessariamente o correto para atingir um fim. A brutalidade substitui a elegância nos jogos e o cavalheirismo nos relacionamentos porque é um método mais rápido, imediato. Pena que muitos se esquecem que a truculência fere, destrói e, até mesmo, tira vidas.
A brutalidade no futebol e nos relacionamentos é um problema cultural. Talvez, realmente falte ao brasileiro contestar seus próprios métodos e a sua realidade. Talvez, esteja nos faltando o romantismo.
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