segunda-feira, 6 de maio de 2013

A França na Contramão

Confesso que estou temeroso com a iminente conquista do Campeonato Francês pelo Paris Saint-Germain. Isto não apenas mostraria que jogar um futebol feio e defensivo é algo exemplar, mas também poderia influenciar negativamente a Seleção Francesa e mandar o processo de renovação pelos ares.

A atual geração da França tem bons atletas, como Nasri, Benzema, Giroud e, principalmente, Ribéry. Todos eles sabem jogar bola, trocar passes, criar oportunidades e atacar.

Meu temor, no entanto, é que jogadores como Jallet, Evra, Matiudi, Varane e Cabaye tornem-se a espinha dorsal dos Bleus e marquem o retorno do futebol pragmático das décadas anteriores, tendo apenas o grande Zidane e, um pouco, o Thierry Henry como exceção.

Por muito tempo a França dependeu demais da força de seus zagueiros e volantes, além de criar suas oportunidades apenas na bola parada e torcer para que Zidane resolvesse o jogo. Se você se lembrar, o Brasil foi eliminado na Copa de 1998 e 2006 pela França em cobranças de falta ou de escanteio. Ademais, os Bleus não conseguiam abrir mão daquela geração que trouxe o título de 98 e o vice de 2006 para a terra do Rio Sena. Trezeguet, Anelka, Makélélé, Henry, Malouda e Abidal estavam envelhecendo, mas o então treinador, Raymond Domenech, mantinha todos em campo. Era preciso renovar a seleção.

O processo de renovação, contudo, ficou ameaçado depois do vexame da Euro 2012, marcado pelas brigas nos bastidores. O então treinador Laurent Blanc e Samir Nasri levaram a culpa. Entrou o ex-volante Didier Deschamps, que ficou conhecido por montar um Olympique de Marseille pragmático e defensivo. A França não têm jogado mal, mas Deschamps coloca aquelas horrendas duas linhas de quatro pra segurar a Espanha e qualquer outra seleção considerada "forte". Isso lá é atitude de time que quer ser campeão? Mais parece um time de segunda divisão com medo de cair para a terceira.

Pode ser que a tradição da França seja mesmo a de contar com a defesa forte e apostar tudo nas bolas paradas. Mas pode ter certeza: é um desperdício imenso utilizar um craque como Ribéry para marcar, quando ele tem potencial para decidir um jogo no ataque.

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