terça-feira, 14 de maio de 2013

Por Que Aqui Não Funciona?

O Bayern München e o Barcelona nem sempre ganham campeonatos, mas raramente desapontam o seu torcedor. O desempenho dessas equipes na Champions League e nas competições nacionais é sempre bom mesmo sem os títulos. O que os dois clubes têm em comum eu já escrevi zilhões de vezes aqui no meu blog: investimento maciço nas categorias de base e ex-jogadores atuando como treinadores ou dirigentes. Adicione isso ao fato de serem duas equipes carismáticas, com torcidas apaixonadas, infra-estrutura adequada e sempre alvo de investimentos de grandes patrocinadores. Quem não quer expor sua marca na camisa do Bayern ou do Barça?

Aqui no Brasil também temos equipes carismáticas e que até investem em infra-estrutura. Mas muitos dos dirigentes e dos treinadores não parecem entender bulhufas do que acontece no gramado e fazem contratações e escalações que não fazem o menor sentido. Não é incomum a gente ver atletas que jogam bem mas que ficam condenados ao banco a despeito do desempenho em campo. Ou a contratação de jogadores para posições que estão saturadas e que mais parecem ter sido intermediadas por empresários. Investimento em categorias de base a mesma coisa: quantos garotos foram efetivados nos grandes clubes nos últimos anos? Aqui em São Paulo, a maioria só vai se lembrar de Neymar, Ganso e Lucas.

E a possibilidade de oferecermos cargos a ex-jogadores? Isso funciona?

Vamos começar com os ex-atletas que atuam como treinadores: a maioria deles eram todos jogadores de pouca expressão ou zagueiros e volantes violentos, como bem observou Paulo Cézar Caju em sua coluna. Se o cara não jogava nada, o que ele poderia ensinar aos seus comandados? Falcão, Renato Gaúcho, Andrade e Leão eram bons jogadores, mas nenhum dirigente deu respaldo a eles a despeito deles terem montado bons times. Vejo pouquíssimos ex-craques atuando como treinadores aqui no Brasil, mesmo nas categorias de base. Dessa forma, não há a possibilidade de um garoto aprender que futebol se joga limpo, coletivamente, trocando passes e fazendo gols. Ao invés disso, estamos formando jogadores cada vez mais musculosos e sem molejo algum para efetuarem um drible.

Pior ainda quando falamos em ex-atletas que assumem cargos administrativos nos clubes. O que se deu um pouco melhor foram o Edu Gaspar no Corinthians e, ainda assim, sem montar um time que apresente futebol ofensivo ou bem jogado, apenas a "produtividade". Roberto Dinamite, atual presidente do Vasco, está penando para manter o Gigante da Colina nos eixos. Zinho e César Sampaio atuaram como dirigentes no Flamengo e Palmeiras, respectivamente, e já rodaram. Só para servir de parâmetro: Uli Hoeness e Karl-Heinz Rummenigge, o atual presidente e um cartola do Bayern, são ex-jogadores e grandes ídolos do clube. E os dois fazem o clube alemão funcionar como uma máquina ofensiva e produtiva.

Eu não radicalizo dizendo que todos os clubes deveriam oferecer cargos para ex-jogadores, mas já provei em outro post que a experiência em campo faz muita diferença para que um treinador ou dirigente tenha visão de jogo e entenda como a coisa funciona lá dentro das quatro linhas.

Os clubes são empresas e deve, sim, haver o lucro para que sobrevivam. Mas, acima de tudo, os clubes têm a missão de formar atletas e oferecer-lhes suporte para que possam representar uma nação ou para que possam crescer profissionalmente. E isso não acontece aqui no Brasil.

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