sexta-feira, 3 de maio de 2013

Medalhões: Usar ou Não Usar?*

*(Tema sugerido pela internauta Natália Castro)

Quando atingem uma certa idade, muitos brasileiros que fizeram fama e fortuna pela Europa decidem regressar ao seu país natal em busca de um clube para encerrar a carreira. Os dirigentes e os torcedores dos times daqui adoram, afinal é sempre uma grande honra ver um grande astro do futebol europeu vestir a camisa de seu time do coração. Quanta gente não vibrou quando Ronaldo disse que era "mais um louco no bando"? Ou quando o "Reizinho" Juninho Pernambucano regressou ao São Januário? Isso sem falar nos estrangeiros experientes que desembarcam em terras tupiniquins atraídos pelo sucesso que os gringos têm feito por aqui, como D'Alessandro, Seedorf e Loco Abreu. É sempre uma festa para os clubes e para o torcedor receber reforços desse nível.

A maioria desses medalhões vêm ao Brasil atraídos pelos bons salários, pelo carinho do torcedor, pelas estratégias de marketing elaboradas pelos clubes e pela chance de vestirem a camisa de suas respectivas seleções uma última vez, já que com a proximidade da Copa de 2014 a ser realizada aqui no Brasil, muitos desses atletas ganham a chance de representarem, mais uma vez, seus respectivos países por conhecerem a nossa casa. Alguns até acabam voltando para a Europa, como foi o caso de Zé Roberto que ganhou fôlego durante sua passagem pelo Santos entre 2006 e 2007. É sempre uma garantia de lucro para os clubes trazer atletas desse calibre.

E quanto à produtividade em campo? Isso acaba variando de caso para caso. A grande maioria desses atletas passa por lesões graves e acabam desfalcando os seus times por quantidades apreciáveis de tempo. Pudera, nosso futebol está cada vez mais violento, nossos gramados mais se parecem com pastos do que qualquer outra coisa, nosso calendário -que não é sincronizado com os campeonatos europeus- não permite que um atleta repatriado se recupere adequadamente e quase todos esses medalhões têm trinta anos ou mais, idade em que o homem torna-se mais susceptível às lesões.

Um dos grandes problemas para esses atletas é a falta de jogo coletivo. Na Europa, como eu expliquei, a disciplina tática é sempre muito valorizada e os jogadores seguem à risca o que é determinado pelos treinadores. Aqui no Brasil, por outro lado, é muito comum os jogadores serem individualistas demais e os times acabam não funcionando como uma equipe. É só ver o caso do Liédson, que reclamou que as bolas não chegavam para ele finalizar durante sua segunda passagem pelo Corinthians. Provavelmente, esperavam que o atacante baiano ajudasse na marcação e viesse buscar a bola lá na linha da intermediária enquanto o resto do time ficava lá atrás para "não dar espaços para o adversário". Além disso, aqui é muito fácil derrubar um treinador do comando, uma vez que é muito mais fácil para um clube demitir o "professor" do que perder um atleta que poderá reforçar um rival.

Há ainda casos de atletas que, por serem respeitados demais, tornam-se os "donos" do time e acabam influenciando negativamente os companheiros. Ou ainda, jogadores que acabam se valendo do respaldo dos dirigentes e cometem atitudes incorretas e anti-profissionais. Aqui, acho que nem preciso dar exemplos, não é? Você deve ter visto algum caso desses no seu time de coração.

A vinda dos medalhões é excelente para gerar lucro aos clubes e também uma maneira para oferecer ao atleta um final digno de carreira, muitas vezes como gratidão pelos serviços prestados pelo jogador. No entanto, é necessário consciência de que nem sempre esse tipo de atleta rende o esperado em campo após tantas batalhas travadas.

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