sábado, 11 de maio de 2013

Três Argentinos "Românticos"

Ah, o saudoso Mestre Telê Santana. Ele era chamado de "O Último Romântico" por andar na contramão do "futebol eficiente" que estava contaminado o planeta Terra, com preocupação excessiva com os aspectos defensivos em detrimento ao ataque e à criatividade. Mestre Telê era exigente, perfeccionista e não se contentava com a vitória: queria o futebol-arte em prática. Sua Seleção de 1982 entrou para a história do futebol mesmo sem ter conquistado títulos.

Infelizmente, o "futebol eficiente" vem ganhando cada vez mais adeptos. Não faz muito tempo que o meia argentino Maxi Rodríguez criticou duramente o futebol de seu próprio país por causa da falta de ousadia dos treinadores que, com medo de perderem seus empregos, se preocupavam mais em não perderem do que atacarem, resultando em equipes que truncam os jogos, comentem muitas faltas e criam poucas oportunidades de gol. Muito parecido com o que vem acontecendo aqui no Brasil, não? E não é só aqui e na Argentina que isso acontece: é só assistir aos terríveis jogos da Libertadores para concluirmos que quase toda a América do Sul está contaminada pelo "futebol eficiente", com a exceção do Atlético Mineiro e um pouquinho da Universidad de Chile, São Paulo, Santos e Boca Juniors. Quando eu escrevi "um pouquinho", é um pouquinho mesmo, uma vez que as quatro equipes citadas não estão aquela maravilha.

Felizmente, três treinadores argentinos "românticos" estão nadando contra a corrente do "futebol eficiente" e nos presenteando com times que fazem belas jogadas, tocam a bola e buscam a criação da oportunidade. São eles: Alejandro Sabella (treinador da Seleção Argentina), Jorge Sampaoli (treinador da Seleção Chilena), e José Pekerman (treinador da Seleção Colombiana).

Sobre o Sabella, não preciso me alongar muito porque já o citei em outras duas ocasiões. O atual treinador da Albiceleste promoveu uma senhora renovação na zaga que estava cada vez mais envelhecida e menos eficiente. Também efetuou a mudança mais importante: priorizou os aspectos criativos e ofensivos da Seleção Argentina para que Messi fosse pela seleção de seu país o mesmo jogador que faz a diferença no Barcelona. O resultado você pode ver na tabela das Eliminatórias para a Copa de 2014.

Jorge Sampaoli é o atual treinador da Seleção do Chile e ficou muito famoso naquele país pelas brilhantes campanhas que fizera pela Universidad de Chile em 2011 e 2012. Seguindo a mesma escola de seus antecessores -Marcelo "El Loco" Bielsa e Claudio Borghi, ambos argentinos-, Sampaoli faz sua equipe trocar passes, embora de uma maneira mais veloz e vertical que seus predecessores. O resultado é um jogo coletivo belíssimo e eficiente. A geração atual de atletas chilenos também é boa, com jogadores que sabem jogar com a bola no chão, como Alexis Sánchez, Mauricio Isla, Gary Medel, Eduardo Vargas e Arturo Vidal.

Por fim, José Pekerman vem fazendo pela Colômbia o sucesso que ele não teve com a Argentina em 2005 e 2006. Pekerman não faz muito diferente de seus compatriotas e também valoriza o toque de bola e a criação de oportunidades. E ele conta com uma geração excepcional de jogadores -Jackson Martínez, James Rodríguez, Pablo Armero, Fredy Guarín, Mcnelly Torres, Juan Cuadrado e, claro, Falcao García. O desempenho desta Seleção comprova que os colombianos não dependem da altitude para jogar bem.

E aqui no Brasil? Bem, nós estamos tendo que nos contentar com Felipão, Mano Menezes, Muricy, Tite, Celso Roth, Abel, ...

A maioria dos torcedores parece estar satisfeita com o nível de futebol atual pelos troféus que o "futebol eficiente" consegue, mas eu continuo na expectativa que algum "romântico" venha até o Brasil e traga de volta o respeito e a magia que nossa Seleção teve um dia. E até tenho sugestões para o "romântico": Guardiola, Klopp, Bielsa e Wenger. Qualquer um deles serviria, bastando que eles fizessem a Canarinho trocar passes e jogar no ataque.

Nenhum comentário:

Postar um comentário