sexta-feira, 10 de maio de 2013

O Capitalismo Estragou o Esporte?

O esporte já teve grande importância no passado. Na Grécia Antiga, as olimpíadas eram um evento onde os competidores representavam suas cidades. Era um momento de grande honra e glória, tanto para as cidades quanto para os atletas. Mais tarde, durante a Guerra Fria, o esporte tornou-se uma arma política e capitalistas e socialistas investiam pesadamente em seus atletas com o objetivo de provarem sua superioridade sobre o inimigo.

Nos dias de hoje, contudo, não parece haver nenhum outro objetivo no esporte senão o dinheiro. A começar pelo atleta: como a carreira de um esportista é efêmera, é essencial que o praticante consiga o máximo de dinheiro e prestígio enquanto o seu físico permite. Os empresários, em sua maioria, tratam seus jogadores como mercadoria e realizam qualquer tipo de manobra para venderem seu "produto" independente das consequências para o atleta ou para os clubes envolvidos. E na maioria dos clubes, a qualidade do esporte ficam sempre em segundo plano: o mais importante é gerar lucro, apenas isso. E nem sempre esse lucro é investido no clube, afinal, sabemos muito bom que existem muitos cartolas espertinhos que embolsam toda a renda gerada pela instituição, deixando os times às moscas.

As modalidades também sofrem com o lucro, ou melhor, com a falta dele. Nossos clubes só investem no futebol, que possui mais garantia de retorno financeiro. As demais modalidades estão quase todas quebradas ou recebem uma atenção irrisória. Veja o Flamengo, que desmantelou praticamente todo o departamento esportivo, com a exceção do futebol e do basquete. Atletas que são esperança de medalha, como Jade Barbosa e Diego Hypólito, tiveram de procurar outros clubes porque a ginástica olímpica não dá retornos ao clube. Pelo mesmo motivo, o Santos acabou com os ótimos times de futebol feminino e de futebol de salão. E o que dizer do nosso vôlei, que teve vários clubes ameaçados de fechar as portas no final desta temporada? Campinas e Vôlei Futuro estão em busca de novos parceiros para evitar a fechamento, mas fica difícil quando as equipes não têm capital para montar equipes competitivas nem exibição suficiente na mídia para que patrocinadores possam ter suas marcas divulgadas.

Há também o fator produtividade. Nossos clubes só se preocupam com o resultado final sem se importar com o processo que leva até os títulos. O resultado são times de futebol com muitos títulos, mas incapazes de efetuarem um drible ou jogar coletivamente. Não à toa, o Brasil está em décimo-nono lugar no ranking da FIFA.

Ser um esportista é uma profissão, mas o dinheiro prejudicou, e muito, o verdadeiro significado do esporte.

Um comentário:

  1. Cara, isso é verdade. Embora o futebol virou a maior das paixões, pelo menos a minha, com grandes investimentos, o fato de transforma-lo em fonte de grandes lucros, afetou muito a paixão do jogador mesmo, no fundo o espírito esportivo. Posso estar errado, mas parece que antes pelo menos o esporte rei produzía maior quantidades de craques do que hoje. Assim mesmo muitos adquiriam um verdadeiro status de heróis nacionais. Concordo que muitos acabavam sem nada logo das suas carreiras além do prestigio (algúns dos jogadores da seleção de 1962 da minha terra acabaram sendo atendentes de banca de jornal), mas reconhecidos até hoje.
    Hoje curtimos a magia de um novo craque no nosso time por um curto tempo, pois sabemos que logo será ele "mercadoria" a ser trocada, irá para outro time na europa, seu lugar ocupado por outro nascente craque cujo destino está marcado. Para concluir, acho dificil o futebol voltar à magia de outrora, onde o jogador antes de ser um trabalhador do futebol-empresa, era um esportista, mas mantenho a esperança que, pelo menos mantendo esse esquema lucrativo do esporte, apareçam novos dirigentes que tirem a mentalidade do capitalismo brutal das cabeças e investam em outros esportes que, não sendo tão lucrativos quanto o futebol, resgatam o carácter de esporte, de paixão e até de orgulho patriótico, tal e como era num pasado nem muito distante.

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