domingo, 5 de maio de 2013

Nem Sempre Tal Mestre, Tal Discípulo...

Perdoem-me aqui os santistas, mas eu preciso relembrar aqui um episódio um tanto doloroso envolvendo seu time de coração.

A final do Mundial Interclubes de 2011 marcou o encontro entre Barcelona e Santos, comandados por Josep Guardiola e Muricy Ramalho, respectivamente. Este fato não teria tanta relevância se não fosse o fato de que Guardiola e Muricy são os discípulos respectivos de Johan Cruyff e Telê Santana, os maiores treinadores que eu já vi, juntamente com Jürgen Klopp.

Cruyff e Telê haviam se enfrentado há 19 anos antes do confronto de seus pupilos. Ambos compartilhavam da mesma filosofia -futebol limpo e bem jogado- e ambos haviam passado por grandes frustrações pelas seleções de seus respectivos países -Cruyff era o principal jogador da lendária Holanda de 1974 e Telê era o treinador da memorável Seleção Brasileira de 1982, dois times que encantaram o mundo pelo futebol bem jogado, mas que não conseguiram títulos.

Guardiola era volante do Barcelona que ganhou a Champions League 1991-92 e também fora um dos principais jogadores do time de Cruyff. O meio-campista ainda atuaria por mais alguns anos pelo Barça, jogaria algumas temporadas no futebol do Oriente Médio -sob a batuta do nosso bicampeão Pepe- e voltaria ao clube blaugrana como treinador após pendurar as chuteiras. O ex-volante, em seu retorno ao clube catalão, aprimorou o "Tiki-Taka" do Mestre Cruyff (que, por sua vez, é baseado no Total Voetball do saudoso Rinus Michels) e nos presenteou com o mais belo futebol visto nos últimos anos.

Muricy, por sua vez, trabalhou com Telê no São Paulo como auxiliar e chegou a comandar o Tricolor durante um tempo na ausência do Mestre ainda durante os anos 90. Muricy também fora atleta do Soberano nos anos 70, ao lado de Serginho Chulapa. Muricy dirigiu Náutico, São Caetano, Internacional, São Paulo, Palmeiras, Fluminense e, finalmente, Santos. Entretanto, Muricy adotou um estilo de futebol totalmente oposto ao idealizado pelo Mestre Telê. O resultado foi um jogo pragmático e estritamente defensivo.

No encontro entre os "discípulos", o resultado não poderia ser outro: o Peixe nem viu a cor da bola, enquanto o Barça nem precisou se esforçar muito para fazer quatro gols no time praiano. Mais triste ainda é saber que Muricy não aprendeu nada com a surra que levou dos catalães: reclamou que o "Barcelona é um absurdo por não ter nenhum atacante de ofício", afirmou que "aqui no Brasil é bem mais difícil dirigir um time" e continuou apostando no futebol de marcação e contra-ataques, além de depender excessivamente de Neymar.

No encontro entre os "discípulos", ficou muito claro que o aluno que seguiu direitinho os ensinamentos do "mestre" ganhou. Pelo jeito, faltou a Muricy ter seguido a cartilha do Mestre Telê. E ele nem vai seguir.

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