segunda-feira, 20 de maio de 2013

A Laranja Mecânica Emperrou

O belo futebol ofensivo e de toque de bola de antigamente foi substituído pela marcação intensa, pela truculência e pela dependência das bolas paradas. Parece que estou falando da nossa Seleção Brasileira. Até poderia ser o caso, mas hoje estou falando da Seleção Holandesa, uma das minhas seleções favoritas.

Eu nunca deixo de mencionar o saudoso Rinus Michels e o Mestre Johan Cruyff aqui no meu blog. Michels criou um estilo de jogo ultra ofensivo, o "Futebol Total" (Totaalvoetbal, em holandês) que combinava pressão e posicionamento inteligente. O Totaalvoetbal fez um grande sucesso na Copa de 1974, só sendo superada pela Alemenha (Alemanha Ocidental na época) e sua poderosa zaga com Beckenbauer, Breitner e Vogts. Anos mais tarde, o principal jogador daquela Seleção Holandesa, o Mestre Cruyff, criou o "Tiki-Taka" baseando-se no Totaalvoetbal e influenciou os rumos do futebol espanhol. E ainda influencia, uma vez que o Barcelona e a Seleção da Espanha utilizam com grande sucesso o toque de bola do Mestre.

Até os anos 90, o futebol holandês ainda contava com atletas técnicos e/ou habilidosos, como Kluivert, Bergkamp, Koeman e os irmãos de Boer -Frank e Ronald. O time ainda justificava o apelido de "Laranja Mecânica".

Infelizmente, a Oranje parece ter sido contaminada pelo "futebol eficiente". Atletas como van Bommel, de Jong e van Bronckhorst tornaram-se a espinha dorsal da Seleção Holandesa na década passada e a Laranja  passou a depender em demasia dos contra-ataques e da bola parada. Muito parecido com uma seleção bem conhecida pela gente...

Os poucos jogadores bons que pintaram nos últimos anos foram Sneijder (faz bem o serviço de "garçom" além de ser bom nas bolas paradas), Robben (dispensa comentários) e van Persie (bom centroavante).

Como desgraça pouca é bobagem, a Holanda fez uma campanha pífia na Eurocopa de 2012: era favorita para avançar às quartas-de-final mas perdeu os três jogos, não marcou um golzinho sequer e ainda rolou barraco entre os jogadores.

Felizmente, nem tudo está perdido: assisti a alguns vídeos do Campeonato Holandês e notei que os times ainda mantêm a essência daquele futebol que tanto encantou no passado. Além disso, os bons jogadores dos anos 90 agora são treinadores e, pelo jeito, estão passando boas lições aos garotos. Frank de Boer acabou de ser campeão pela Eredivisie com o Ajax sem abrir mão da ofensividade.

Estou na torcida que a Holanda volte às origens e volte a nos encantar com aquele futebol ofensivo e inteligente. Nós, amantes do futebol-arte, merecemos isso. E o saudoso Michels também.

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