segunda-feira, 13 de maio de 2013

A Série B Ainda Não Saiu do Corinthians

Pode parecer incrível, mas muito antes de armar aqueles esquemas retranqueiros com a Seleção Brasileira, Mano Menezes já teve ousadia um dia.

Mano foi um técnico bem sucedido no Grêmio entre 2005 e 2007 ao implantar um futebol muito mais de força do que de técnica. Vieram jogadores como Tcheco, Tuta, Patrício, Gavilán, Schiavi, Sandro Goiano e William. Ele tentou fazer o mesmo no Timão na Série B em 2008, trazendo Perdigão, Acosta, Bóvio, Diogo Rincón, Fabinho e o próprio William. O treinador gaúcho só mudou um pouco sua mentalidade após ter sido eliminado na Copa do Brasil naquele ano. A certa altura, o Corinthians já era um time bem diferente, com um zagueiro de poucas faltas e bom nas bolas paradas (Chicão), um lateral-esquerdo ofensivo (André Santos), um volante que sabia atuar na armação (Elias), um armador com visão de jogo e qualidade no passe (Douglas) e um ataque eficiente sem ser brilhante (Herrera e Dentinho). No ano seguinte, Mano armaria um esquema de três atacantes que influenciaria os rumos do futebol no Brasil, com Jorge Henrique, Ronaldo e Dentinho. Não era um futebol bonito, mas era bem melhor que o Grêmio do Celso Roth ou o São Paulo do Muricy.

Já se passaram quatro anos desde o acesso do Corinthians a Série A. Mano e vários atletas que trouxeram o Timão de volta já deixaram o clube, às exceções de Chicão, Alessandro e Douglas. Mas os três atletas não parecem ter sido os únicos resquícios da Segunda Divisão no Coringão.

Tite manteve o esquema dos três atacantes, mas adotou um esquema semelhante ao 4-2-3-1, com Sheik e Jorge Henrique voltando para marcar. Os volantes ainda sobem para ajudar no ataque, mas têm muito menos qualidade de saída de bola que o Elias naquele tempo. E os laterais -Fábio Santos e Alessandro- atuam muito mais nos aspectos defensivos do que nos ofensivos.

Nota-se que Tite montou um esquema muito mais voltado para os aspectos defensivos do que os ofensivos. É uma mentalidade de que "ataque vende ingresso e defesa vence campeonato". Resultado: o Timão vence os jogos tomando sufoco até de times pequenos e por placares magérrimos. Faz-se um gol e depois recua todo o time para "administrar a vantagem", mas com o risco de oferecer terreno ao adversário. Pode até ser que tenha funcionado no Coringão, mas assistindo ao jogo de sábado do Porto contra o Benfica, pude perceber claramente as falhas do "futebol eficiente": os Encarnados abriram o placar com um gol de bola parada nos primeiro minutos, mas recuaram demais o time e os Dragões conseguiram a virada depois de pressionarem muito.

Seria uma boa ideia, então, voltar Mano Menezes ao Timão? Não. Mano, depois que sofreu sua primeira derrota para a retrancada Argentina de Sergio Batista, recuou todo o time e ele não abriu mão de Sandro, Rômulo, Lucas Leiva e Ramires. Ele já tratou de voltar às "origens", infelizmente.

O Corinthians já foi um time na Série B apresentando um futebol de Série A. Mas nos dias de hoje, mais parece um time de Série A apresentando um futebol de Série B. E, do jeito que essa mentalidade é considerada produtiva, o torcedor corinthiano ainda vai ser sofredor por um bom tempo...

Nenhum comentário:

Postar um comentário