terça-feira, 7 de maio de 2013

Do Céu ao Inferno em 90 Minutos

Você estudou muito para suas provas, certo? Prestava atenção nas aulas, sempre procurava ler um pouquinho dos capítulos abordados todos os dias e fazia todos os exercícios que eram passados pelo professor. No dia da prova, você ficou nervoso e cometeu um erro ridículo, mas suficiente para reprová-lo e obrigá-lo a ter de prestar o maldito vestibular novamente no próximo ano. Ou então, jogá-lo para a recuperação e fazê-lo perder todas as férias. Todo o seu esforço foi em vão e você não conseguiu atingir seu objetivo apesar de ter feito tudo certo.

Esse tipo de situação é muito parecido com o que acontece em competições que adotam o formato do "mata-mata", quando dois times se enfrentam e o perdedor está automaticamente eliminado do torneio. O menor erro pode sair muito caro aqui.

A Champions League, a Europa League e a própria Copa do Mundo adotam esse formato de competição. Torneios realizados dessa forma têm a vantagem de serem mais curtas além de serem consideradas mais emocionantes.

O mata-mata tem suas desvantagens. Os times precisam ser ainda mais cautelosos com os erros e fraquezas porque o formato do torneio não permite uma segunda chance. Há ainda a possibilidade de times mais fracos superarem os times fortes valendo-se do regulamento. E foram justamente esses erros ou os times fracos que se valeram do regulamento que proporcionaram grandes injustiças no futebol.

Claro que o formato dos pontos corridos também têm falhas -o São Paulo e o Corinthians venceram o Brasileirão valendo-se de muita retranca e pouco futebol- mas comete menos injustiças com relação ao desempenho das equipes.

Eu já contei a história do goleiro Júlio César, do Corinthians, em outro post: ele foi muito importante para a conquista do Brasileirão em 2011 e foi fundamental para garantir a liderança do Paulistão no ano seguinte. No entanto, por causa da derrota para a Ponte Preta no mata-mata do mesmo Paulistão, Júlio César foi demonizado e considerado culpado pela eliminação do Timão. Tudo o que ele construíra em 2011 veio abaixo em 90 minutos naquela tarde no Pacaembu. Uma grande injustiça. Outro injustiçado foi o Elano, que virou motivo de chacota após perder um pênalti na Copa América de 2011. E todas as outras cobranças de falta e de pênalti que ele converteu no passado? Por causa de uma única cobrança perdida ele é perna-de-pau?

E o que falar da Seleção do Paraguai durante a Copa América de 2011? Os Guaranis não jogaram absolutamente nada e só se preocuparam em truncar os jogos para levar aos pênaltis, onde teriam mais chances. Os paraguaios não jogaram nada de bola o campeonato inteiro e conseguiram chegar às finais. E o Chelsea que ficou na moita durante toda a Champions League 2011-12 e conseguiu vencer a competição sem nenhum mérito? Dois grandes absurdos.

Estas histórias mostram como o formato permite grandes injustiças e transforma grandes ídolos em grandes vilões em 90 minutos, assim como permite que medíocres sejam colocados em pedestais. Veja a quantidade de treinadores que fizeram grandes campanhas por anos, mas foram dispensados arbitrariamente porque foram derrotados justamente no jogo que não poderiam perder.

Uma eliminação, pode até deflagrar uma crise aumentada por torcedores corneteiros e jornalistas sensacionalistas. Quanta gente insiste que há crise no Barcelona apesar de toda a estrutura que lá há montada?

Se o mata-mata dá mais audiência e vende mais ingressos, isso é discutível. Mas é indiscutível ver times que levaram meses -e até anos- para se prepararem e foram eliminados num dia de azar. Assim como você deve ter sacrificado noites de sono e dias de folga para conseguir 4,8 de nota e ter de fazer a recuperação em janeiro, sem direito à reclamação...

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