Neste ano, li notícias a respeito de salários atrasados em pelo menos seis clubes que estavam disputando a Série A em 2013: Náutico, Portuguesa, Vasco, Fluminense, Flamengo e Botafogo. Em alguns desses clubes, os atletas, inclusive, cogitaram cruzar os braços em protesto. Ainda assim, isso não parece ter impedido a contração (e a manutenção) de grandes estrelas por parte de alguns desses clubes.
Nossos clubes estão quase todos endividados. Os dirigentes, ainda assim, não abrem mão de realizarem ações grandiosas. Elaboram planos mirabolantes para construírem estádios faraônicos ou então torram os tubos para trazerem medalhões. Tudo para mostrar que as instituições estão às mil maravilhas, fazer média com o torcedor e, claro, gerar algum prestígio político através de eventuais conquistas que esses "investimentos" podem trazer.
Eu, no entanto, vejo os dirigentes realizarem pouquíssimas ações que realmente trazem lucro aos clubes. Sobre a formação de atletas eu nem vou me alongar muito, afinal eu já cansei de explicar que investir nas bases sempre traz vantagens para o clube, seja na venda de garotos, seja nas épocas de vacas magras quando o clube não tem verba para contratar.
Também vejo pouco investimento no futebol propriamente dito: os times não parecem lutar por títulos -querem apenas "vaga na Libertadores" ou "permanência na Série A" como se um troféu fosse algo supérfluo. Mas ninguém se lembra de que os patrocinadores sempre vão atrás de times vitoriosos, afinal todo investidor quer ver sua marca atribuída a vitórias, ao sucesso e às conquistas. Além disso, títulos sempre atraem bons atletas.
Os dirigentes, para suprir os problemas financeiros, recorrem aos "parceiros" para trazerem medalhões. O Santos, por exemplo, acabou de contratar o centroavante Leandro Damião com ajuda de um investidor. Foi uma contratação interessante, mas eu pergunto: e se clube e parceiro se desentenderem, assim como aconteceu no caso envolvendo o meia Paulo Henrique Ganso e o Peixe em 2012? Ademais, caso haja uma futura transação envolvendo Damião, o Santos terá de dividir uma parcela do lucro com o investidor. Se tivesse contratado o atacante por conta própria, o clube ficaria com a maior parte do lucro gerado por uma eventual negociação.
Faltam duas coisas à grande maioria dos dirigentes brasileiros. A primeira é deixar de pensar apenas no próprio umbigo e se preocupar com a saúde dos clubes -sem essa de só trabalhar no ano de eleição para ficar mais alguns anos no poder ou tomar medidas que prejudiquem a instituição apenas para sabotar chapas oposicionistas. A segunda é aprender que nem sempre o caminho mais fácil é o melhor.
Deposito minhas esperanças no movimento Bom Senso FC, liderado por Alex e Paulo André. Alguns dos argumentos que eu levantei aqui fazem parte da pauta da manifestação. Resta torcer para que os dirigentes sejam razoáveis e compreendam que o futebol brasileiro precisa de mudanças, ou nosso esporte irá quebrar algum dia se a situação permanecer assim.
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