quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Raízes

Imagem extraída de http://www.facebook.com/FundacaoCafu

É sabido que a maior parte dos jogadores brasileiros tem origem humilde. Muitos nasceram e cresceram em comunidades carentes, tiveram infância pobre e sentiram na pele o que é viver à margem da sociedade.

O futebol, para muitos, é muito mais do que uma profissão: é uma maneira dessas pessoas outrora marginalizadas serem reconhecidas como cidadãos. Um meio que possibilita a uma pessoa de origem humilde ascender na sociedade.

Alguns desses atletas, no entanto, costumam esquecer suas origens ao conseguirem a tão desejada ascensão social. A fama e a fortuna trazidas pelo futebol abre um mundo de possibilidades aos jogadores, o qual eles jamais teriam acesso enquanto viviam na miséria. O "ter" e o "poder" sobem a cabeça daqueles que, há algum tempo atrás, nada tinham. Alguns, inclusive, chegam a rejeitar suas origens humildes.

O cantor Mano Brown, em uma polêmica entrevista concedida à revista Trip em 1999, havia feito duras críticas a atletas que dão as costas às suas origens. Segundo o rapper, "jogadores só pensavam em arrumar uma namorada loira, um carro importado e ir a boates". Não compactuo com as declarações de Brown, mas compreendo sua revolta: o sonho de muitos desses atletas não é meramente melhorar de vida, e sim fazer parte daquela classe social que outrora os rejeitava pelo fato de serem pobres. Alguns críticos mais exaltados consideram a atitude desses jogadores como uma maneira para que a pobreza e a distância entre as classes sociais sejam mantidas -o que chamariam de "reacionário" ou "aquele que reproduz o sistema".

Não julgo os atletas por suas atitudes. Acredito que os jogadores podem fazer o que bem entendem com os vencimentos que recebem, desde que não infrinjam a lei ou prejudiquem outras pessoas. Eu, portanto, não os condeno por ostentarem belas namoradas, veículos possantes ou frequentarem festas da alta sociedade. Se ninguém está sendo prejudicado com isso, é do direito deles, para o bem ou para o mal.

Eu, no entanto, admiro os atletas que colecionaram títulos e troféus em suas carreiras e, mesmo assim, não renegam suas origens. Um destes jogadores é o ex-lateral-direito Cafu (foto), capitão da Seleção Brasileira pentacampeã em 2002. Não me lembro o articulista que escreveu isso, mas o autor exaltou a atitude de Cafu ao exibir uma camiseta com os dizeres "100% Jardim Irene", um bairro situado na periferia da Zona Leste de São Paulo. O atleta fez questão de demonstrar como se orgulha de suas origens diante de espectadores de todo o mundo. E até hoje continua contribuindo para que crianças pobres, como ele foi um dia, tenham uma oportunidade de melhorar de vida e possam ser respeitadas como cidadãos.

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