domingo, 22 de dezembro de 2013

Outras Realidades

Imagem extraída de http://www.facebook.com/CbHbConfederacaoBrasileiraDeHandebol

Existem dois tipos de realidade: aquela que as entidades governamentais e a imprensa insistem em nos mostrar para tentarem nos provar que o Brasil vai às mil maravilhas, e a outra que vive escondida à margem da sociedade e que só vem à tona quando algo grandioso -uma catástrofe ou um grande feito- ocorre.

O que se mostra no esporte brasileiro é apenas futebol. E só futebol masculino. Com muita boa vontade, as emissoras mostram um pouco do vôlei e do basquete. As outras modalidades só aparecem na mídia quando conquistam alguma medalha de ouro. Caso contrário, são tratadas como se nunca existissem.

Me comoveu ver cenas como a da ginasta Jade Barbosa tendo de implorar para que alguém se sensibilizasse com a sua situação e custeasse seu tratamento quando sofreu uma lesão em 2009. O tenista Gustavo Kuerten também sempre solicitava mais incentivos no tênis às autoridades, que não passaram de promessas. São exemplos de atletas que eram lembrados pela mídia e pelas autoridades apenas enquanto estavam no auge. Hoje, talvez ninguém mais se lembre deles.

A vitória da Seleção Feminina de Handebol foi uma conquista histórica para o esporte brasileiro. A categoria jamais havia ido tão longe em um mundial. O título era meramente um sonho que hoje se tornou realidade apesar da categoria ser muito pouco lembrada. Nossas meninas venceram as sérvias, donas da casa, pelo placar de 22 x 20, em uma partida disputadíssima.

Praticamente nenhuma emissora botou fé em nossas atletas e no técnico Morten Soubak, tanto que apenas um canal televisivo, a emissora paga Esporte Interativo, exibiu as partidas, o que justificou o título de minha resenha anterior a respeito da modalidade, "Heroínas Invisíveis".

Agora estão todos felizes dizendo que o Brasil sempre acreditou nas atletas, que os incentivos sempre existiram mas eram pouco divulgados, e por aí vai. Mas eu duvido que os investimentos na categoria aumentem. No máximo, o handebol brasileiro vai virar "modinha" e a mídia só dispensará atenção à modalidade enquanto continuarem apresentando bons desempenho: na primeira eliminação que sofrerem, serão chamadas de "perdedoras" e voltarão ao esquecimento. Foi o que aconteceu com muitos de nossos atletas en outras modalidades.

Parabéns às meninas da Seleção Brasileira de Handebol e ao treinador Morten Soubek. O mérito é de vocês e apenas de vocês, que lutaram contra todas as adversidades e mostraram que o Brasil tem outras categorias além do futebol.

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