quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O Retorno da Croácia

Imagem extraída de http://www.facebook.com/cff.hns

Comemorei muito a classificação da Croácia diante da Islândia no último dia 19 de novembro. Tenho uma grande simpatia pela seleção dos enxadrezados desde 1998, quando aquela geração de Šuker, Boban e Bilić conquistou o terceiro lugar na competição sobre a Holanda. Até poderiam ter ido à final contra o Brasil, mas a equipe de Zidane, Blanc e Deschamps era boa demais para ficar sem o título.

Outro motivo pelo qual simpatizo com a Croácia é a sua história de sofrimento e superação. Quando eu era criança, eu sempre assistia nos noticiários ao sofrimento da população das pessoas que viviam na antiga Iugoslávia no começo dos anos 90. Aquelas imagens de destruição e de refugiados sendo forçados a deixar seus países marcaram muito a minha infância. Hoje vejo muitos desses países reconstruídos graças à força de seus povos e mostrando que a dor ficou no passado. A Croácia encontra-se em uma situação relativamente estável em termos políticos, econômicos e sociais. E o esporte segue o mesmo caminho, com os atletas fazendo sucesso em competições internacionais. O desempenho do futebol croata significa para mim o renascimento daquele país situado no Leste Europeu.

O futebol croata teve aquele grande time de 98, mas a transição de gerações foi conturbada e os Vatreni nunca mais fizeram campanhas tão brilhantes quanto a da copa na França. Houve alguns lampejos, como a boa campanha na Euro 2008 quando os croatas chegaram às quartas-de-final, mas parou por lá. O fracasso em se classificar para a Copa de 2010, quando os croatas ficaram de fora até mesmo da repescagem, fez a seleção enxadrezada cair um pouco no esquecimento.

Assisti à Eurocopa 2012 e acompanhei a Croácia. Torci, mas sem muitas expectativas. Como esperado, o time, então comandado por Slaven Bilić, não conseguiu chegar às quartas-de-final -deram azar de cair na mesma chave de Itália e Espanha, que seriam as duas finalistas do torneio. No entanto, gostei do futebol apresentado. Não foi brilhante, mas havia mobilidade, passes, cruzamentos precisos e alguns dribles. O destaque da equipe foi o então pouco conhecido Mario Mandžukić (que jogava na época pelo Wolfsburg), que anotou três gols e foi um dos artilheiros da competição, junto com outros dois Marios (Balotelli e Gómez), Fernando Torres e Alan Dzagoev. Ele chamou a atenção do Bayern München, fez sucesso na Bavária e desbancou seu xará Mario Gómez. Acho que com um pouco mais de sorte e com uma chave menos complicada, os croatas até poderiam ter chegado ao mata-mata da competição.

Além de Mandzo, chama a atenção o bom meio-de-campo formado por Luka Modrić (que está em boa fase no Real Madrid, após passar meses esquentando banco para Mesut Özil), Ivan Raktić (atual capitão do Sevilla) e o garoto Ivan Perišić (que tem apenas 24 anos e com passagem pelo meu Borussia Dortmund). Esse trio sabe jogar com a bola no chão e confere leveza e criatividade ao time croata.

A equipe também conta com a experiência do zagueiro Josip Šimunić (35 anos), do goleiro Stipe Pletikosa (34), do lateral-direito Darijo Srna (31) e do atacante Ivica Olić (34), sendo este último duas vezes vice-campeão da Champions League pelo Bayern (2010 e 2012). Alguns garotos como Ante Rebić (20 anos) e Mateo Kovačić (19) são o contraponto dos veteranos. Há, ainda, os brasileiros naturalizados croatas, Eduardo e Sammir, à disposição do treinador Niko Kovač.


Imagem extraída de http://www.facebook.com/Mandzukic.Mario

A Croácia estreará na Copa de 2014 contra o Brasil, aqui em São Paulo. O destaque do time, Mandžukić (foto), não poderá jogar por ter sido expulso no jogo contra a Islândia. Ainda assim, há boas chances dos croatas  irem às oitavas-de-final uma vez que os outros dois adversários não têm sido regulares nos últimos anos (Camarões e México). Pesa contra os Vatreni o fato da seleção do Leste Europeu ter caído em uma chave relativamente tranquila (com Bélgica, Sérvia, Escócia, País de Gales e Macedônia) e, mesmo assim, ter feito uma campanha muito irregular nas Eliminatórias para a copa no Brasil.

Acho muito difícil que a Croácia consiga repetir a boa campanha de 98, mas Niko Kovač tem time para deixar uma boa impressão aqui no Brasil e, quem sabe, alçar voo mais altos no futuro. E, claro, os atletas croatas sabem que cada vitória de sua seleção é uma vitória para sua nação. Uma demonstração de superação e perseverança após tantos anos de sofrimento.

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