Fora de Campo

Imagem extraída de http://www.facebook.com/portuguesaoficial

Foi julgado ontem a suposta irregularidade cometida pela Portuguesa. E o STJD, em decisão unânime, decretou a perda de quatro pontos da Lusa, causando o rebaixamento do time paulista. O Fluminense foi beneficiado com a punição e permanecerá na Série A em 2014. A decisão foi julgada em primeira instância e, portanto, ainda cabe recurso.

Honestamente, fica difícil dizer quem tem razão neste cabo de guerra entre Lusa e Flu. A Portuguesa cometeu, de fato, uma infração -escalou o jogador Héverton, expulso na 36ª rodada contra o Bahia e que teria de cumprir dois jogos de suspensão (em sua defesa, o clube paulista alega ter sido notificado da punição do atleta apenas um após o jogo contra o Grêmio). O Fluminense, por sua vez, cometeu uma série de erros desde a eliminação na Libertadores para o Olimpia. Desde lá, trocou duas vezes de treinador, a equipe apresentou um desempenho horrível em campo e o presidente só anunciou "mudanças" após o fim do campeonato. Merecia, portanto, ser rebaixado pela sua sequência de equívocos dentro e fora de campo.

A grande maioria dos comentaristas detonou o Flu. E não sem razão, afinal futebol deveria ser ganho em campo, e não nos tribunais -se assim fosse, seria mais sensato contratar bons advogados no lugar de bons atletas. Pesou ainda contra o time das Laranjeiras o histórico do clube em dois episódios que foram considerados "viradas de mesa" que terminaram por beneficiar os cariocas. Pesou também o fato do Tricolor ter cometido a mesma infração em 2010 da qual a Portuguesa foi acusada, mas o clube carioca saiu ileso da acusação.

O caso envolvendo Fluminense e Portuguesa não se trata de uma luta de bem contra o mal, afinal ambos erraram. Mas o que causa a indignação dos comentaristas não são os erros em si, e sim o fato de um campeonato ser decidido fora da esfera desportiva passando a ser definido por advogados, promotores e juízes ao invés de atletas.

A decisão tomada pelo STJD abre o precedente para que os jogos sejam decididos em tribunais ao invés de estádios. Os dirigentes simplesmente deixariam de investir em jogadores e ficariam mais preocupados em buscar brechas deixadas pelos adversários e, com isso, obter argumentos para tirar pontos de rivais na justiça desportiva.

O Campeonato Brasileiro 2013 foi um torneio que não foi decidido na bola, e sim nos tribunais.

Leia mais:

Tostão (Folha de São Paulo)- O futebol e o mundo mudaram: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/tostao/2013/12/1385824-o-futebol-e-o-mundo-mudaram.shtml

Blog do Juca Kfouri (UOL)- Decisão técnica derruba a Lusa: http://blogdojuca.uol.com.br/2013/12/decisao-tecnica-derruba-a-lusa/