domingo, 29 de dezembro de 2013

Ouçam os Craques, Dirigentes

Imagem extraída de http://www.facebook.com/canoboficial

É consenso entre grandes atletas e ex-atletas que o futebol sul-americano não está nenhuma maravilha. Equipes estritamente defensivas, muitas infrações, falta de jogo coletivo, entre outros problemas. Tanto é verdade que as seleções daqui vai disputar a Copa de 2014 com times formados praticamente por atletas que atuam no exterior. Ou será que Neymar, Messi, Suárez, Falcao García e Antonio Valencia estão disputando a Libertadores por algum clube de nosso continente?

Paulo César Caju em seu extinto blog, Tostão em sua coluna, Casagrande em seus comentários (que muitos, infelizmente, desprezam por considerarem "óbvios") e Alex em suas entrevistas são alguns dos que criticam o futebol daqui pelo excesso de pragmatismo e pela falta de criatividade dos times. Também menciono aqui o grande Maxi Rodríguez (foto), que concedeu uma entrevista magnífica em 2012 criticando a falta de ousadia do futebol argentino e creditou a situação do esporte de seu país ao medo dos treinadores de serem demitidos.

Muitos problemas fizeram o nível do futebol daqui cair. Perdemos nossos craques cada vez mais cedo porque não temos como concorrer com os salários e com o glamour do futebol europeu, fazendo com que o nível de nossos campeonatos fique totalmente comprometido sob o ponto de vista técnico. Ao mesmo tempo, os dirigentes não investem na formação de atletas (com raras exceções), preferindo adquirir o jogador formado -alguns, inclusive, por influência de empresários. E, mais especificamente no Brasil, os ex-atletas, que têm bagagem para ensinar garotos e vivência em campo para comandar times, jamais são ouvidos, enquanto os cartolas preferem contratar os "professores" que nunca chutaram uma laranja na vida e escalam seus times com dezenas de volantes brucutus.

A grande maioria dos grandes clubes e seleções do exterior raramente contrata alguém sem vivência em campo para comandar seus atletas. Se você duvida, dê um pulo na Wikipedia e verifique as biografias de Jupp Heynckes, Pep Guardiola ou Tata Martino para ver por quantos grandes clubes eles atuaram ou por quantas vezes eles passaram pelas seleções de seus respectivos países. Mesmo Roberto Di Matteo, que eu tanto critico no meu blog, é ex-atleta e disputou uma Copa do Mundo pela Seleção Italiana. Aqui no Brasil, o único ex-craque que os dirigentes ainda ouvem um pouco é o grande Zagallo.

Não dá para esconder o sol com a peneira. Nosso futebol está a anos-luz de distância atrás dos europeus. Nossos times não são páreo para as equipes de lá. Basta ver o desempenho do meu São Paulo contra o Bayern ou do Santos contra o meu Barcelona neste ano. O Brasil só faturou os Mundiais Interclubes de 2005, 2006 e 2012 porque nossos times ficaram o tempo todo se defendendo e acharam seus gols no único erro que os adversários ofereceram.

Para melhorarmos o nível de nosso futebol, precisamos dar ouvido ao Caju, ao Tostão, ao Casagrande, ao Alex, ao Maxi Rodríguez e a outros craques e ex-craques. Essas pessoas sabem, melhor do que ninguém, como ensinar um garoto a jogar bola, dizer quem é craque e quem não é na hora de contratar e, principalmente, como tirar uma equipe da mesmice e transformá-la em uma máquina de jogo ofensiva e coletiva.

Precisamos ouvir quem entende de bola se quisermos melhorar o nível técnico de nosso futebol. Só assim teremos campeonatos de altíssima qualidade como no passado e também poderemos voltar a fazer frente com os europeus. Ou então, sentem e chorem quando seu time estiver perdendo por 3x0 e não houver nenhum craque capaz de pôr a bola sob o braço e indicar o caminho.

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