segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Músculos, Neurônios e Adipócitos

Imagem extraída de http://www.facebook.com/atleticopr

É sabido que no futebol brasileiro atleta fraco ou sem raça não tem vez. Ninguém aqui no Brasil quer saber de atletas fracos, lentos, acima do peso e que se lesionam com facilidade. Pode faltar técnica, mas a garra e a determinação não podem faltar jamais.

É formidável, diante do cenário apresentado, ver tantos atletas considerados "velhos demais" se destacarem em nosso futebol. Paulo Baier (foto) com toda a sua experiência em campo foi decisivo na boa campanha do Atlético Paranaense neste ano de 2013, com seus bons passes e cobranças de falta. Dida e Rogério Ceni foram elogiados inclusive por torcedores rivais, afinal ambos com 40 anos muito bem vividos, continuam fazendo grandes defesas e atuações memoráveis -como fez Rogério diante do Atlético Nacional na Copa Sulamericana e Dida diante do Corinthians na Copa do Brasil. E o que dizer de Juninho Pernambucano ou Seedorf, que demonstram muita lucidez e visão de jogo no Brasileirão apesar dos desempenhos irregulares de suas equipes. Muitos outros veteranos se destacaram no Brasileirão de 2013, como Zé Roberto, Alex, Juan e D'Alessandro.

Também destaco aqui as atuações do atacante Walter pelo Goiás, apresentando-se acima do peso ideal e, mesmo assim, jogando o fino da bola com passes precisos, visão de jogo e muitos gols. E pensar que muitos treinadores vetam atletas "gordinhos"...

Os referidos atletas se destacaram por um motivo muito simples: nosso futebol é músculo demais e cérebro de menos. Poucos aqui pensam uma jogada: acham que é só pegar a bola, sair correndo feito loucos e direção ao gol ou dão um chutão na esperança que alguém domine e finalize. Isso sem falar nas faltas, trombadas e divididas imprudentes protagonizadas pelos zagueiros e volantes brucutus que têm cadeira cativa na escalação dos "professores" e são venerados pelos torcedores como "deuses da raça". Como disse Caju, "em terra de cego, quem tem um olho é rei", os poucos que conseguem pensar o jogo acabam se destacando no árido futebol brasileiro, ainda que não estejam no melhor de suas formas físicas.

Sabe-se que a idade tende a ser impiedosa com o corpo, aumentando os riscos de lesões, fraturas e demandando maior tempo de cuidados médicos em caso de ferimentos. Grandes times, em decorrência disso, raramente dão chances a atletas com mais de 30 anos, a menos que sejam jogadores com muita identificação com o clube ou futebolistas realmente diferenciados. Atletas acima do peso, da mesma forma, tendem a ser rejeitados por correrem pouco e se cansarem rápido. Como se o futebol fosse apenas correria, maração e dividida...


Imagem extraída de http://www.facebook.com/goiasec.oficial

No dia em que o brasileiro deixar de julgar os atletas apenas pela forma física, pode ter a certeza que o nosso futebol vai mudar, e mudar muito. Vamos parar de contratar atletas pelo porte físico ou pelo tamanho dos músculos e voltar a dar chances a quem realmente tem talento e, aí sim, nosso futebol será agradável de se ver novamente.

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