À exceção dos santistas e dos amantes do futebol-arte, mais parece que todos os brasileiros do mundo da bola odiavam Neymar.
Não era raro ver o jogador ser agredido por colegas que argumentavam que a joia santista estava menosprezando o time adversário com os seus dribles e comemorações. Os torcedores dos outros times vaiavam e demonizavam o atleta ao invés de reconhecer seu talento.
Neymar nunca foi santo, é verdade. Ele cometeu alguns excessos, mas é apenas um garoto que ontem tinha sua vidinha humilde e hoje ganha milhões de dólares por ano. Foram mudanças muito bruscas para alguém que iniciou no futebol profissional com apenas 17 anos. Já aconteceu com você também quando ganhou seu primeiro salário. Seja sincero e admita.
O atacante está indo agora para a Espanha, um país onde o futebol-arte é apreciado e respeitado, ao contrário do Brasil, que valoriza volantes violentos e zagueiros desleais.
O Brasil não é mais lugar para Neymar. O nosso futebol ficou pequeno para seu talento e hostil para a sua genialidade. Não demos valor para um jogador que poderia revolucionar nosso futebol mas que acabou sendo expulso pelos brucutus que não sabem competir na bola e preferem apelar para o anti-jogo. Não é à toa que não revelamos mais talentos, o Brasil não vence as grandes seleções e estamos estacionados na décima-nona posição no ranking da FIFA, enquanto espanhóis e alemães disputam a ponta.
Não fazemos mais jus às cinco estrelas que ostentamos sobre o nosso brasão e renegamos o belo futebol que criamos com Garrincha, Didi, Pelé, Tostão, Rivelino e outros. No passado, aliás, a maioria de nossos craques nunca precisou recorrer aos clubes estrangeiros para provar seu valor ou aprimorar suas aptidões. Tenho certeza de que nossos grandes ídolos do passado poderiam fazer frente até ao Barça de Messi ou ao Bayern de Robben. Hoje, os craques que permanecem no Brasil sucumbem às agressões ou tornam-se brucutus. E se enfrentarmos os bávaros ou os catalães agora, nem veremos a cor da bola.
Muito obrigado ao Brasil por deteriorar cada vez mais a qualidade de nosso próprio futebol. É graças a isso que Neymar e outros craques precisam ir à Espanha para terem seu talento realmente valorizado. Agradecimentos especiais aos nossos volantes e zagueiros violentos que contribuem para que os artistas da bola tenham cada vez menos espaço por aqui.
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