sexta-feira, 28 de junho de 2013

Perdas Irreparáveis

Entra ano, sai ano e os clubes brasileiros nunca conseguem segurar suas principais estrelas e sempre perdem seus atletas mais importantes para a Europa, a menos que sejam jogadores em fim de carreira.

Os dirigentes e treinadores precisam planejar como lidar com as eventuais perdas. Aqui no Brasil, os desmanches de elencos são inevitáveis, sobretudo se levarmos em conta que nós somos muito mais fornecedores de atletas do que aceptores e que a maioria dos clubes está endividada até o pescoço -vide as últimas matérias publicadas em sites de esportes que mostram o quanto os clubes brasileiros estão devendo.

Todos em um clube têm plena consciência de que é muito difícil segurar um craque no Brasil e, mesmo assim, nunca preparam seus elencos para as eventuais perdas. Esperam o atleta ser vendido e só depois disso é que saem em busca de peças de reposição, como se um novato recém-chegado fosse chegar no clube, fazer amizade com todo mundo logo de cara, aparecer em ótima forma física e sair detonando logo na estréia. Isso não existe: o jogador precisa de tempo para se ambientar a sua nova realidade e se entrosar com os companheiros. Como consequência disso, vários times que fazem boas campanhas em uma temporada, não conseguem repetir o bom desempenho no ano seguinte porque perdem seus atletas mais importantes e não fazem a reposição de maneira apropriada.

No Santos, por exemplo, todos sabiam que Neymar e Ganso iriam embora cedo ou tarde, mas não vi nenhum dirigente santista ou treinador se antecipar a isso e preparar algum sucessor para a vaga deles. Para o lugar do Ganso, trouxeram o Pato Rodriguez na metade do ano passado, imediatamente após a venda do meia. O argentino entrou numa grande fria, pois queriam que ele resolvesse o problema logo de cara. Como ele não conseguiu, acabou queimado, foi injustamente condenado à reserva e deve entrar na lista de dispensa do clube. O próprio torcedor santista sabe que Patito ainda é muito jovem, mas é esforçado e, se estiver aprumado, resolve o jogo. Com Neymar, foi a mesma coisa: só depois que a venda do atacante ao meu Barcelona foi sacramentada é que dirigentes e treinadores perceberam que precisavam colocar Neílton e Gabigol para jogar. Por que os dois não foram sendo introduzidos no elenco aos poucos? Colocar um garoto em campo da maneira como foi feito, queima o filme do jogador e, ainda, pode arruinar a carreira dele.

No meu Tricolor, os dirigentes só foram atrás de um substituto para Lucas depois que ele foi para o PSG e -detalhe- o meia já estava negociado seis meses antes de se transferir. Veja se o treinador ou algum cartola se preocupou em ir contratando algum jogador para substituí-lo aos poucos ou se algum garoto da base foi preparado para sucedê-lo. Só pensaram nisso depois que o jogador foi embora...

Quando há a possibilidade de se perder um atleta, o clube precisa se antecipar a isso sempre que possível. Para isso, ao perceberem que não vão conseguir segurar algum jogador, deve-se trazer (ou efetivar) um substituto pelo menos uns seis meses antes para que ele tenha tempo de adquirir a forma física desejada. Além disso, o tempo de seis meses permite que o novato faça amizade no elenco e, aos poucos, tome o lugar do jogador que vai sair para que, no instante em que isso acontecer, o substituto já esteja em forma, atuando no mesmo nível que o titular e entrosado com os companheiros. Uma maneira de fazer isso é poupar o atleta que vai sair nos jogos menos importantes e dar chance ao substituto nestas partidas.

O Corinthians deve perder Paulinho nos próximos dias e o seu substituto, Guilherme, já tem algum tempo de casa, mas ainda está verde. Será que ele tem cacife para arcar com a responsabilidade de substituir um atleta com a importância do camisa 8? Aguardem os próximos jogos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário