sábado, 29 de junho de 2013

Se Quiserem Vencer a Espanha, que Imitem o Bayern

Quando a partida entre Espanha e Itália terminou, alguns comentaristas esportivos defenderam que o Brasil deveria seguir os passos da Azzurra para derrotar a Furia e recuar todo o time para tentar contra-ataques velozes, possivelmente pelas laterais. Mas, sejamos francos, não precisamos que a Itália nos ensine isso: o Muricy fazia isso no São Paulo, e o Tite e o Mano Menezes adotaram estratégias semelhantes no Corinthians. Há, ainda, o "exemplo" do Chelsea, que deixava seus volantes e defensores atrás da linha da intermediária e valia-se dos contra-golpes velozes com Juan Mata e Ramires acionando Drogba, estratégia que superou o meu Barcelona e o Bayern München em 2012.

Eu, como amante do futebol-arte, não aceito tal sugestão. O time do Brasil já não está aquela maravilha, com muito mais gente para marcar do que para armar uma jogada. E ainda me aparecem pessoas que sugerem que o Felipão recue ainda mais o time? O que mais eles vão sugerir depois disso? Que o Brasil faça "rodízio de faltas" para ferir Iniesta e Xavi visando tirá-los do jogo? Que os brasileiros façam cera e catimba para irritar os espanhóis e cavar uma expulsão? Dá um tempo. Já temos muito disso nos nossos clubes. Nossa Seleção, que tem atletas habilidosos, não precisa usar recursos tão baixos e vulgares.

Há métodos muito mais interessantes para superarmos a Espanha. E um desses métodos foi ensinado justamente pelo campeão da última Champions League, o Bayern München.

Diferente do Chelsea, que mantinha toda a equipe recuada, o Bayern abusa da mobilidade de seus atletas, fazendo-os parecer que estão em todos os lugares ao mesmo tempo. Todo mundo volta para marcar e todos os atletas têm toda liberdade para subir para o ataque. Lahm e Alaba tinham toda a liberdade para apoiar Ribéry e Robben pelos lados, Martínez e Schweinsteiger subiam para apoiar e fazer companhia para Müller no meio-de campo, e o zagueiro Dante mostrava boa presença de área, e não era apenas para cabecear bolas em lances de bola parada: o baiano até arriscou algumas jogadas individuais em contra-ataque na última temporada. Quando o adversário estava com a bola, Mandzukic, Robben e Ribéry apareciam lá atrás para ajudar na marcação. A movimentação dos dois alas era tão intensa que era comum vê-los trocar de lado. A marcação do Bayern era feita por pressão e os jogadores bávaros conseguiam roubar a bola no campo de ataque.

Nossa Seleção tem atletas fortes e velozes para emular o estilo de jogo do Bayern. Podemos manter todo o time se movimentando, com total liberdade para que os defensores subam para apoiar e, ao mesmo tempo, solicitar que os atletas que atuam no ataque voltem para ajudar na marcação. Será necessário, contudo, muita organização e disciplina tática para que os atletas saibam para onde passar a bola caso estejam muito marcados. Rifar a bola contra a Espanha pode ser mortal.

A eficiência deste estilo, obviamente, tem um preço: os atletas do Bayern sempre saíam muito extenuados de campo e as lesões eram muito frequentes. Na temporada passada, Robben, Mandzukic, Gómez, Kroos e Boateng se lesionaram, desfalcando o time por longos períodos e só não deixaram o time bávaro na mão porque a equipe de Munique contava com reservas à altura dos titulares.

Duvidam que isso funcione? No mata-mata da Champions, o Bayern superou quatro times que trocam passes e valorizam a posse da bola: Juventus, Arsenal, Barcelona e Borussia Dortmund.

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