sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A Dependência do Futebol Estrangeiro

Imagem extraída do Facebook oficial do Barcelona-
http://www.facebook.com/fcbarcelona

Há muito tempo atrás, a nossa Seleção era formada quase que exclusivamente por atletas que atuavam aqui no Brasil. Tínhamos um futebol de tamanha qualidade que podíamos bater de frente com qualquer adversário, mesmo sem atletas com experiência no exterior.

Nos dias de hoje, contudo, nós precisamos da ajuda do futebol europeu para que nossos atletas possam se aperfeiçoar tecnicamente. O futebol nacional não mais oferece as condições para que um jogador possa aprimorar suas habilidades e os nossos craques estão rumando ao Velho Continente cada vez mais cedo. Enquanto isso, aqui no Brasil só permanecem atletas brucutus -que não toleram o drible e a troca de passes no futebol- e bons jogadores em fim de carreira.

Os treinadores, em consequência disto, precisam convocar atletas que atuam no exterior para que a Seleção Brasileira tenha alguma qualidade técnica. Tal situação lembra muito o Brasil nos tempos do imperialismo, quando exportávamos matéria-prima aos europeus e comprávamos seus produtos industrializados, feitos com o material que exportávamos aos estrangeiros. Hoje, exportamos jovens talentos para que possam servir à nossa Seleção com o aprimoramento que tiveram na Europa.

Tal dependência do futebol europeu, contudo, está ameaçada com a crise na Europa. A situação econômica do continente afetou até mesmo o futebol e muitos de nossos mercados consumidores não mais importam jogadores brasileiros pelos preços que os clubes daqui desejam. Os europeus agora contratam apenas atletas comprovadamente diferenciados. Não há mais capital para arriscar e os dirigentes estrangeiros agora só fazem apostas consideradas seguras, como foi o caso de Neymar no Barcelona.

A atual situação na Europa abriu portas aos magnatas do Oriente Médio e do Leste Europeu, que estão literalmente comprando os clubes, como foi o caso do Chelsea, Paris Saint-Germain, Manchester City e Monaco. Alguns deles, inclusive, ajudaram a manter aquecidas as transferências de atletas do Brasil para a Europa durante a temporada passada, como foi o caso de Oscar (que foi vendido do Internacional para o Chelsea) e de Lucas (que trocou o São Paulo pelo PSG). O próprio Leste Europeu, inclusive, vem se tornando uma fonte alternativa para os clubes brasileiros exportarem atletas, como é o caso do Shaktar Donetsk da Ucrânia, que tirou Bernard do Galo no começo desta temporada.

O impacto da crise na Seleção Brasileira deverá ser sentido a longo prazo: serão poucos os atletas que terão chance de se aprimorar na Europa, obrigando os treinadores daqui a recorrerem ao "mercado interno". O nível do futebol brasileiro, no entanto, não é favorável ao surgimento de novos craques e teremos times cada vez mais brutais. Ou então teremos de torcer para que os clubes da Europa criem algum "Messi Brasileiro", um atleta muito talentoso que tenha sido levado muito jovem ao Velho Continente (e, portanto, por um preço mais compatível com o momento econômico europeu) e que aceite jogar por nossa Seleção, uma vez que muitos deles optam pela naturalização nos países que os acolheram.


Imagem extraída de http://www.facebook.com/lucasmouraoficial

Com a crise no mercado europeu, o Brasil deveria valorizar um pouco mais o "mercado interno" e oferecer condições para a formação e manutenção de novos craques, uma vez que será muito difícil vender nossas joias ao exterior pelo preço que os cartolas daqui desejam. Seria uma maneira de melhorar o nível do futebol brasileiro e, consequentemente, da Seleção Brasileira sem precisar de investimentos estrangeiros.

O Brasil já foi uma colônia dependente do capital estrangeiro. Hoje, o nosso futebol é uma colônia dependente da infra-estrutura estrangeira para aprimorar atletas. Se mantivermos a dependência do Velho Continente e nos esquecermos de investir em nosso esporte, corremos o risco de ter uma Seleção Brasileira ainda pior daqui a alguns anos.

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