terça-feira, 15 de outubro de 2013

"Professores" que Não Ensinam Nada

Aqui no Brasil é muito comum chamar treinador de "professor", mesmo quando os caras não têm bagagem nenhuma para ensinar.

Pudera, a maioria deles nunca jogou bola profissionalmente quando era mais jovem e os que jogavam eram quase todos atletas comuns ou ruins. Dos treinadores da geração atual, apenas Cuca, Cristóvão, Carpegiani, Leão, Dunga, Falcão, Andrade, Renato Gaúcho e Abel Braga tiveram passagens pela Seleção Brasileira quando jogavam e alguns deles já se renderam ao "futebol eficiente". Eu uma vez até escrevi que eu poderia treinar um grande time da Série A tranquilamente, afinal se a maioria dos "professores" nunca chutou uma laranja na vida e conquista títulos com um futebol pragmático, imaginem o que alguém com ousadia poderia fazer mesmo sem ter experiência em campo.

Como os "professores" não entendem nada de bola e entram pressionados por resultados a curto prazo, eles sempre escolhem o caminho mais fácil para montar um time: enchem a equipe de zagueiros e volantes, recuam todo o time esperando por um erro do adversário, só criam oportunidades de gol em contra-ataques ou na bola parada, apelam para a violência e consideram um empate um "bom resultado".

O resultado é que o nosso futebol está cada vez mais pobre e triste. Ninguém mais dribla, não temos mais jogo coletivo, não há mais tabelinhas e os poucos craques que formamos vão embora cada vez mais cedo para a Europa.

É por esse e outros motivos que eu faço coro com o grande Paulo César Caju: quem tem que cuidar do futebol são pessoas que entendem de bola. Os clubes precisam nomear mais ex-jogadores (de preferência, craques do passado) para treinar os times tanto nas categorias de base quanto no profissional e também para gerir os departamentos de futebol. Esses caras, sim, saberiam dizer quem é craque e quem não é, qual formação tática aproveitaria melhor o elenco à disposição, compreenderiam a situação pessoal de cada jogador, e teriam bagagem para ensinar um garoto a jogar bola pelo fato de terem vivência em campo. O Bayern München, atual campeão da Europa, é administrado praticamente apenas por ex-jogadores.

Já é a terceira semana seguida que eu leio no jornal Lance críticas ao futebol brasileiro pelo excesso de pragmatismo. E os treinadores tem a maior parcela de culpa pela situação de nosso futebol. Os "professores" não conseguem nem ensinar coisas básicas aos atletas como fundamentos (passe, drible, finalização, posicionamento). De que jeito esses caras vão sair da mesmice e brigar por títulos? Será que algum time já escapou do rebaixamento somando 38 pontos (o que uma equipe conseguiria se empatasse em todas as partidas do Brasileirão)?

Professor, para mim, é aquele que tem vivência e bagagem para ensinar. A maioria dos "professores" que estão comandando times na Série A, contudo, não sabe nem chutar uma laranja. O que eles, então, poderiam ensinar a um garoto?

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