sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Musashi no Futebol

Imagem extraída de http://www.facebook.com/lucasmouraoficial

Um dos meus livros preferidos é o Livro dos Cinco Anéis, escrito pelo lendário Miyamoto Musashi. Já perdi a conta das vezes que mencionei a obra aqui no meu blog, mas vale recapitular: trata-se de uma série de ensinamentos escritos pelo famoso guerreiro do Japão Feudal que, reza a lenda, nunca foi derrotado.

Eu já disse aqui no meu blog que aproveitei apenas o último capítulo da obra em minha vida pessoal, onde Musashi afirma que, para que um discípulo se torne um mestre, ele deve aprender e dominar tudo o que é ensinado na arte. Após o aprendizado, o futuro mestre estará apto a se desprender dos ensinamentos e acrescentar novos conhecimentos trilhando o seu próprio caminho.

O restante da obra, no entanto, é perfeitamente aplicável a um mundo competitivo, como é o caso do futebol. Em outro post, eu utilizei o "Princípio da Forma da Não-Forma" (que eu simplifiquei para "Princípio da Não-Forma") para descrever o jogo praticado pelo Cruzeiro e pelo Bayern München onde atletas agem fora de suas posições de origem e cumprem diferentes funções conforme a necessidade de marcar ou criar.

Em outros trechos da obra, Musashi faz duras críticas às outras escolas de artes marciais em que os instrutores, no anseio de conseguirem mais discípulos, priorizam a forma e não o conteúdo das manobras. Lembra muito a atitude de alguns atletas brasileiros que vulgarizaram o recurso do drible ao priorizar a plasticidade do futebol em detrimento à objetividade. Aqui fica um parênteses -não estou dizendo que driblar é errado, mas enfeitar jogadas desnecessariamente faz o atleta perder a bola e, dessa forma, comprometer o desempenho da equipe.

Outra filosofia recorrente na obra é a valorização da ofensiva. Musashi, em vários trechos da obra, abomina lutar apenas na defensiva -ele quer que o guerreiro tome a iniciativa e pressione o adversário de todas as formas possíveis, atingindo-o não apenas fisicamente, mas também mentalmente e espiritualmente. Para isso, Musashi adota táticas como manter o adversário acuado, intimidar e "Transpassar o Âmago" (aniquilar a força de vontade e o espírito do adversário para que não mais consiga reagir). É muito fácil adaptar esses ensinamentos ao futebol: o time deve pressionar o adversário o tempo todo para impedi-lo de jogar e forçá-lo a apenas se defender. E quando o adversário sofrer um gol e acusar o golpe, a equipe deve continuar pressionando e golear o rival para eliminar qualquer chance de reação e também para intimidar o próximo adversário -qualquer um fica preocupado quando enfrenta um time que fez 4 ou mais gols na partida anterior.

Para terminar, gostaria de recordar uma história sobre o treinador de nossa Seleção, Luis Felipe Scolari. Reza a lenda que Felipão obrigou que todos os seus atletas lessem A Arte da Guerra de Sun Tzu/Sunzi (outro livro magnífico que eu recomendo). No entanto, acho que nosso querido técnico só leu um trecho da obra do general chinês: a passagem em que Sun Tzu/Sunzi afirma que "a vulnerabilidade está no ataque e a invulnerabilidade está na defesa". Assistindo ao estilo de jogo adotado pelo treinador gaúcho, acho que ele se esqueceu de ler o restante da obra...

Se Felipão resolvesse ler O Livro dos Cinco Anéis, que prega a ofensividade em combate, provavelmente teria vontade de queimar o livro. E escrevo aqui mais uma vez: a lenda diz que Musashi nunca perdeu um combate!

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