quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Revisitando o Tiki-Taka

Imagem extraída do Facebook oficial do Barcelona-
http://www.facebook.com/fcbarcelona

Já se passaram mais de dois anos desde a última conquista da Champions League pelo meu Barcelona, mas a final contra o Manchester United ainda não sai da minha cabeça. Como eu nunca vi Pelé, Garrincha ou Didi jogarem, o Barcelona é a minha referência de futebol-arte junto com o Borussia Dortmund.

O estilo do jogo do Barcelona é chamado de Tiki-Taka e consiste em valorizar a posse da bola através dos passes curtos.

Um dos grandes segredos do Tiki-Taka é o posicionamento: os atletas se mantêm próximos uns aos outros formando "triângulos". Dessa forma, o condutor da bola tem pelo menos duas opções para tocar a bola tornando a jogada seguinte imprevisível. Os atletas, obviamente, não ficam estáticos em suas posições iniciais esperando receber um passe, mas no time do Barça a bola corre muito mais que os jogadores, filosofia que foi mantida com Tito Vilanova e agora com Tata Martino.


O 4-3-3/2-3-2-3 de Guardiola na final da Champions League 2010-11
(Puyol começou no banco devido a uma lesão). Repare nas linhas
tracejadas indicando opções de passes (obtido via this11.com)

O 4-3-3/2-3-2-3 não é a única maneira de se formar os "triângulos" em campo. Marcelo "El Loco" Bielsa elaborou esquemas utilizando três zagueiros e três volantes (3-3-3-1 ou 3-3-1-3) enquanto dirigia a Seleção do Chile e também o Athletic Bilbao. A execução das jogadas, no entanto, é semelhante ao Tiki-Taka.


O Athletic Bilbao de "Loco" Bielsa formado na temporada 2011-12.
A equipe atuava com três defensores e três volantes, mas executava
as jogadas de maneira semelhante ao Barcelona (obtido via this11.com).

Há treinadores que utilizam esquemas independentes dos "triângulos" para a execução da troca de passes. O Borussia Dortmund (de Jürgen Klopp) e o Arsenal (de Arsène Wenger) atuam no 4-2-3-1/4-5-1, mas atacam tocando a bola de uma maneira muito semelhante ao Barcelona.


Borussia Dortmund armado no 4-2-3-1 mas que ataca no 4-3-3.
A equipe alemã tem muitas semelhanças com o Barcelona
por contar com atletas baixinhos, jogar um futebol
leve e atacar trocando passes (obtido via this11.com).

Por fim, a Espanha de Vicente del Bosque adota um 4-4-2 ortodoxo (quatro defensores, dois meias, dois volantes e dois atacantes), mas com possibilidades de alternar para 4-3-3 ou 4-2-3-1 conforme o posicionamento dos meio-campistas. A execução das jogadas é feita via troca de passes utilizando como base o ataque do Barcelona (Xavi, Iniesta, Villa e Pedro).


Espanha na final da Copa de 2010, escalada no 4-4-2 mas
permitindo o avanço de Iniesta pela esquerda como um ala ou
terceiro atacante enquanto Xavi é ajudado na armação por
Busquets e Alonso (obtido via this11.com).

Em resumo: a eficiência do Tiki-Taka pode ser obtida independente da formação tática, o que corrobora com a tese defendida por Tostão. Ao mesmo tempo, conclui-se que o posicionamento inicial dos jogadores não pode manter os atletas estáticos -deve-se desprender das formas pré-determinadas assim que possível para que a equipe não se torne previsível, ainda que a formação tática seja uma forma pré-determinada. Basta ter bom senso para julgar a hora certa de fazer uma jogada individual ou tocar a bola a um companheiro livre de marcação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário