sábado, 14 de junho de 2014

Inteligência X Força

Imagem extraída de https://www.facebook.com/FIGC

Lembro-me quando sugeri que os times brasileiros jogassem na altitude trocando passes ao invés de correrem no gramado. Isso evitaria que os atletas não habituados a jogar sob a baixa pressão de oxigênio nos Andes se cansassem rapidamente. Pena que nenhuma equipe brasileira tenha tentado isto até hoje.

A Itália deparou-se com uma situação diferente da altitude andina, mas igualmente hostil para seus atletas: o forte calor manauara. A solução encontrada pelo treinador Cesare Prandelli foi bem semelhante à que sugeri para a altitude: a Azzurra evitou todo e qualquer esforço desnecessário sob o calor de Manaus e manteve-se trocando passes do começo ao fim do jogo, o que preservou o gás de seus atletas até o término da partida. A Inglaterra, por outro lado, jogou na base da correria e acabou pagando o preço: quando precisou reagir, não havia mais forças para tentar uma jogada.


As duas equipes no 4-2-3-1. Balotelli ficou isolado na frente enquanto
o retante dos italianos trocava passes e, eventualmente, tentava um
lançamento ou bola enfiada para seu camisa 9. Inglaterra tentou
pressionar na base da velocidade (ou seria "correria?). Suas melhores
chances vieram de jogadas pelas pontas com Welbeck e Sturridge
(imagem obtida via this11.com).


A Inglaterra tentou pressionar, mas permitiu o contra-ataque que resultou no gol de Balotelli. Sem alternativa, Roy Hodgson trocou seus exaustos pontas (Welbeck e Sturridge) e adiantou seus laterais e meio-campistas para pressionar a Itália. A Azzurra contou com boas defesas de Sirigu e também alguma trapalhadas do English Team, como o escanteio para fora de Rooney. Ficava cada vez mais evidente que a Itália já havia ganho a partida na base da inteligência ao optar por um estilo mais cadenciado ao contrário da Inglaterra que tentava pressionar na base da correria. As próprias feições e atitudes dos atletas deixavam claro quem estava mais cansado em campo, o que foi agravado pelo forte calor do Amazonas.


A cartada final de Hodgson: adiantar toda a equipe. Prandelli
respondeu recuando a sua equipe ao recrutar mais volantes.
(imagem obtida via this11.com).

Ficou difícil escolher um destaque individual para a Itália, afinal todo o time jogou como uma verdadeira equipe, com todos participando do jogo, trocando passes e "gastando a bola" para cansar os ingleses. Talvez Sirigu, que entrou numa fria ao substituir Buffon de última hora e deu conta do recado. Só lamento que a equipe tenha recuado muito no segundo tempo, o que causou muitos sustos em seu torcedor.

A Inglaterra não foi nenhuma maravilha em campo, mas gostei muito dos atletas do Liverpool, Sturridge e Sterling, que me proporcionaram bons momentos, com dribles, molejo e belas jogadas pela direita. Esses garotos já vieram de boa temporada em 2013-14 pelos Reds e têm tudo para crescerem no futebol, tanto nesta Copa do Mundo, quanto na Champions League 2014-15.

Uma menção honrosa a todos os atletas dos dois times que se respeitaram bastante e cometeram pouquíssimas faltas. Apenas um único cartão para o garoto Raheem Sterling, que parou um contra-ataque de Immobile no final da partida. Que esta atitude disciplinar sirva de exemplo a todos os jogadores.

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