domingo, 22 de junho de 2014

Uma Lágrima para a Bósnia

Imagem extraída do Facebook oficial de Edin Džeko- https://www.facebook.com/edindzeko

Fiquei triste com a eliminação da Bósnia-Herzegovina logo na segunda rodada deste mundial. A derrota diante da Nigéria mais a vitória da Argentina diante do Irã impossibilitam que os Zmajevi consigam avançar à próxima fase, mesmo em caso de um triunfo sobre o Irã.

A Bósnia não joga exatamente um futebol bonito, embora conte com alguns atletas que considero talentosos, como Džeko, Ibišević, Pjanić e Lulić. A equipe apresentou consistência defensiva ao sofrer poucos gols, mas apresentava muitos problemas para ligar o meio-de-campo ao ataque, o que representava dificuldades para criar chances de gol. Não obstante, acho que o treinador Safet Sušić errou ao deixar o atacante Ibišević no banco novamente -ele havia sido o melhor em campo na derrota contra a Argentina e é fundamental para que o centroavante Džeko tenha um bom rendimento em campo.

A inédita classificação para uma Copa do Mundo havia sido motivo de muita festa para a Bósnia-Herzegovina. Trata-se de um país arrasado pelas guerras de fragmentação da antiga Iugoslávia no início dos anos 90. A violência dos conflitos foi amplificada por causa das diferenças étnico-religiosas dos habitantes do país -bósnios de maioria muçulmana, croatas de maioria católica e sérvios de maioria ortodoxa. Tal fato causou muitas mortes motivadas pelo ódio e intolerância.

Muitos atletas que defendem a Seleção Bósnia nasceram em meio aos confrontos e alguns deles carregam as cicatrizes deixadas pela violência, como a perda de amigos, familiares e a fuga dos conflitos armados.

O futebol serviu como um alento àquele país após anos de confronto e outros tantos dedicados à difícil reconstrução daquela nação. Cresci assistindo às cenas de bombardeios nos noticiários quando era criança e hoje, quase vinte anos após os conflitos, vi notícias de povo contagiado pela alegria diante de uma inédita classificação para uma copa do mundo.

Torci muito pela Bósnia-Herzegovina e também pela Croácia justamente por causa das tragédias que marcaram o passado destes países. Muitos atletas que representam estas nações encontraram no futebol um motivo para superarem a dor. Suas vitórias no esporte foram conquistas para suas respectivas nações e também para seus povos.

Penso, contudo, que não é o fim para esta geração que conseguiu um feito inédito. Eu mesmo escrevi que a mera participação no mundial já havia sido uma grande vitória para os bósnios.

Torci e continuo torcendo para que estes jogadores tenham um futuro glorioso pela frente e, quem sabe, consigam levar a Bósnia à França na Euro 2016 e à Rússia na Copa 2018. O sucesso que estes jogadores atingiram servirá de incentivo para que mais garotos bósnios se dediquem ao futebol e, quem sabe, consigam repetir ou mesmo superar o desempenho desta geração.

Muito obrigado por terem vindo ao Brasil, delegação da Bósnia-Herzegovina! Parabéns pelo feito inédito e voltem sempre!


Imagem extraída do Facebook oficial de Vedad Ibišević- https://www.facebook.com/VedadIbisevic

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