segunda-feira, 23 de junho de 2014

O Último e Mais Belo Ato da Furia

Imagem extraída de https://www.facebook.com/SeFutbol

Se a Espanha não correspondeu às expectativas criadas como atual detentora do título mundial, a Furia despede-se do Brasil de cabeça erguida e fiel ao futebol que o consagrou com uma bela goleada por 3x0 sobre a Austrália.

A geração que começou no mundial de 2006, deu o grande salto na Euro 2008 com seu primeiro título após 44 anos de jejum e chegou ao apogeu com a conquista de seu primeiro mundial em 2010 e do tricampeonato na Euro 2012. Em todas as ocasiões, os baixinhos espanhóis compensaram a desvantagem física com um futebol leve, agradável, coletivo e mortal.

O segredo? Combinou-se o criativo meio-de-campo do Barcelona (Xavi, Iniesta, Busquets, Pedro e Fàbregas) com a solidez defensiva do Real Madrid (Alonso, Sergio Ramos, Arbeloa e Casillas). Alguns talentos oriundos do Valencia (Juan Mata, David Silva e Jordi Alba), Sevilla (Jesús Navas), Athletic Bilbao (Javi Martínez e Llorente) e Atlético de Madrid (Fernando Torres e Juanfran) complementaram o conjunto. Passaram mais atletas de outros clubes, mas teria de escrever umas três resenhas apenas para enumerar os atletas que colocaram a Furia entre os grandes.

Toda fórmula e toda grande geração, contudo, tende a sofrer uma queda após o apogeu. A Espanha fez a sua fama e, em virtude disso, tornou-se muito visada por seus rivais, que passaram a buscar cada vez mais por maneiras de triar a Furia do topo. Vieram estratégias como o "ônibus" (adotado pelo Chelsea) e a marcação adiantada (adotado pelo Bayern). Os jogadores também estavam envelhecendo e vinham sendo cada vez mais exigidos e também cada vez mais visados pelos marcadores adversários. Muitos vieram lesionados após intensas temporadas na Europa.

Eu, ao contrário do que muitos comentaristas afirmaram, não vejo a fórmula do Tiki-Taka como esgotada. Talvez, seja necessário apenas que os atletas mais trintões tenham de gradualmente dar espaço a sangue novo. Foi o que aconteceu com a geração de Zidane na França e com a de Cannavaro na Itália, ambas compostas por grandes atletas, mas que sentiram que a hora de sair havia chegado. Vai acontecer com muitos atletas da atual Espanha, sobretudo após o desempenho ruim neste mundial.

Tiki-Taka vai se reinventar e se modernizar. O próprio Barcelona, clube que criou e popularizou o estilo, já deu início a um novo ciclo com as saídas de Valdés, Puyol e, possivelmente, Xavi e Dani Alves (estas últimas são apenas especulações), e com as vindas de Ter Stegen e Rakitić. Com novos atletas, o estilo sofrerá mudanças e isso terá influência também na Seleção Espanhola. A troca do treinador Gerardo Martino por Luis Enrique também fará a equipe catalã jogar em outro estilo.

Obrigado, Espanha. Muito obrigado pela imensa contribuição que vocês tiveram no futebol. Vocês nos provaram que futebol bonito e eficiência podem caminhar juntos. Os títulos de 2008, 2010 e 2012 estão aí para provar isto.


Imagem extraída de https://www.facebook.com/SeFutbol

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